Dra. Tamara Cardoso

Depressão

A Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas e é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. É uma doença que pode interferir significativamente na vida cotidiana, afetando os relacionamentos interpessoais, o trabalho e o bem-estar emocional e físico. Neste artigo explico a Depressão de modo detalhado, abordando tópicos que normalmente não são tratados sobre ela.

O médico especialista em diagnosticar e tratar a Depressão é o Psiquiatra.

Por que você deve se consultar comigo?

Sou Médica Psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade Federal de São João del-Rei, com Residência Médica em Psiquiatria pelo Ipsemg e especialização em Análise Existencial e Logoterapia Frankliana. Tenho experiência em tratar todos os Transtornos Mentais, incluindo a Depressão. 

Possuo um olhar integral aos meus pacientes porque acredito que somente dessa forma posso ajudá-los de verdade. Não trato apenas de sintomas físicos, mas de tudo o que diz respeito à pessoa humana e à sua realização verdadeira.

Exercer a Psiquiatria como eu faço vai muito além de identificar alterações orgânicas. Prezo por uma avaliação minuciosa e abrangente. Busco compreender todos os aspectos necessários para chegar a uma intervenção individualizada, que realmente tornará a vida dos meus pacientes muito melhor do que antes.

Psiquiatra
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Sumário

Qual é a diferença entre uma tristeza normal e a Depressão?

Essa diferença está principalmente na intensidade, duração e repercussão desse sintoma. Isto é, se essa tristeza está intensa demais, demorando muito tempo para melhorar e causando grande incômodo e prejuízos (como faltas ao trabalho), deve-se procurar um psiquiatra para avaliar se esse quadro se trata de Depressão.

É importante ressaltar que as emoções, o que inclui a  tristeza, são reações naturais e espontâneas do nosso corpo a algum acontecimento ou mesmo pensamento, e podem servir para nos guiar de algum modo em relação a eles.

Se você, por exemplo, se entristece ao perder uma pessoa querida, isso é compreensível e o ajuda a valorizar a presença daqueles que você ama. Imagine o quão estranho seria não se entristecer nessa situação e como isso poderia torná-lo alguém “frio”, indiferente, que não se conecta com as pessoas ao seu redor.

Portanto, não é possível nem desejável que eliminemos por completo as nossas emoções. O que faço no meu consultório é avaliar se essas emoções estão adequadas ao que as está causando, e, assim, se precisam ou não de intervenção, a fim de aliviar o sofrimento e o prejuízo eventualmente ocasionados por elas. Sem fazer de você alguém apático, distante da realidade e incapaz de vivenciar as emoções naturais da vida de modo saudável.

Causas: por que alguém desenvolve Depressão?

É comum atribuirmos como causa de Depressão alguma circunstância adversa pela qual alguém esteja passando. Ouve-se dizer: “fulano está assim porque sua mãe morreu; ele está desse jeito porque perdeu o emprego; ela ficou assim porque o filho adoeceu”.

Mas você já parou para pensar que se acontecimentos ruins fossem a causa de Depressão, então, todos os que passam por eles deveriam ter Depressão? Mas nós vemos que não é isso o que acontece! Provavelmente você conhece pessoas que enfrentaram grandes dificuldades e algumas delas ficaram, de fato, deprimidas, enquanto outras, não. O que significa que esse fator isolado não é suficiente para causar a doença.  

Isso se deve ao fato de que a Depressão geralmente não é causada por um único fator, mas diversos fatores, que se combinam para deflagrar esse quadro. Aqui estão eles:

Fatores Genéticos

Você pode já nascer com genes que o tornam mais vulnerável a ter a doença. E essa é uma predisposição sobre a qual não temos controle; nascemos ou não com ela. Como a nossa genética é hereditária, ter algum familiar, principalmente de 1º grau, com Depressão, aumenta a chance de tê-la também. 

Quanto maior for a sua vulnerabilidade genética ao desenvolvimento dessa doença, menos você precisa da existência dos outros fatores para desenvolvê-la. É o que acontece quando o paciente afirma “não ter nenhum motivo para estar assim”. Nesse caso, provavelmente a causa da sua Depressão é principalmente, ou unicamente, genética, ou seja, genes “doentes” estão causando alterações no seu corpo, as quais se manifestam como sintomas de Depressão, sem que haja nenhuma razão externa para que a pessoa se sinta assim (não está passando por nenhum grande problema no momento).

Isso pode explicar, por exemplo, por que uma pessoa fica deprimida mesmo tendo uma vida que considera muito boa, enquanto outra não fica deprimida mesmo enfrentando uma série de dificuldades. A razão pode ser que a primeira pessoa tenha uma predisposição genética para Depressão muito maior do que a segunda.

Além disso, esses fatores genéticos são compartilhados com a Ansiedade, ou seja, quem é geneticamente mais suscetível à Ansiedade, também o é à Depressão e vice-versa.

Fatores Ambientais

Eles compreendem as adversidades da vida. Estar passando por problemas, dificuldades, traumas, frustrações, desafios, torna as pessoas mais propensas à Depressão. Você já deve ter pensado que se estivesse no lugar de alguém que está deprimido (vivendo a sua vida), você também estaria deprimido.

No entanto, como já dito, isso não é suficiente para se ter Depressão, pois se fosse, todos os que passam por problemas teriam a doença, o que não acontece, porque para que a Depressão ocorra outros fatores são necessários.

Há muitas pessoas que ao enfrentarem grandes dificuldades, tornam-se ainda melhores e mais fortes do que antes, enquanto outras, desenvolvem Depressão (muitas vezes até mesmo sem estar enfrentando grandes problemas). A explicação para isso pode estar no fator genético, sobre o qual já falamos, mas também pode se dever aos fatores psicológicos, nosso próximo tópico.

Fatores Psicológicos

Além de os problemas em si serem um fator de risco para a Depressão, o modo como os enxergamos e lidamos com eles também pode ser. Por exemplo, pode-se estar deprimido por não se conseguir vislumbrar a solução de um problema -apesar de ela existir- ou até mesmo por imaginar como problema algo que na verdade não é. Desse modo, padrões de pensamento, mentalidades, visões de mundo e crenças, podem contribuir para que alguém se sinta deprimido. 

Essa pode ser uma outra explicação para o fato de alguém, mesmo passando por grandes dificuldades, não ficar deprimido. Essa pessoa pode ter a habilidade de enxergar os problemas de um modo mais otimista. E esse modo pode ser aprendido. Portanto, se você não tem essa habilidade, você pode adquiri-la. É o que eu ajudo os meus pacientes a conquistarem.

Medicações

Alguns remédios, pelo seu mecanismo de ação, podem levar a um quadro que chamamos de Depressão Secundária, ou seja, trata-se de uma Depressão induzida por uma substância. Alguns exemplos são a isotretinoína oral (usada para tratar Acne) e os anticoncepcionais (usados por motivos diversos: evitar gravidez, regular a menstruação, tratar ovários policísticos e endometriose). Nesses casos, é necessário avaliar os riscos e os benefícios da manutenção dessas medicações.

Condições Médicas

Existem algumas doenças também capazes de causar  a Depressão Secundária. Algumas delas são: hipotireodismo, anemias, lúpus, deficiências vitamínicas. Nesses casos, a Depressão é resolvida com o tratamento dessas doenças.

Alimentação

Nosso cérebro precisa estar “bem alimentado”, uma vez que a alimentação exerce um papel crucial na regulação da saúde mental. Um exemplo disso é o consumo elevado de carboidratos refinados (como doces) que pode contribuir para o surgimento ou piora da Depressão.

Hábitos

Assim como hábitos de vida saudáveis ajudam a evitar doenças, hábitos de vida ruins aumentam o risco de desenvolvê-las. Entre estes estão o sedentarismo e uma má rotina de sono, por exemplo.

Abuso ou abstinência de substâncias

Substâncias como álcool, cocaína e maconha, também podem induzir um quadro de Depressão Secundária, tanto durante o uso abusivo quanto durante a abstinência delas. 

Sintomas: como se sente e se comporta alguém com Depressão?

Depressão

Nem todas as pessoas com Depressão apresentam exatamente os mesmos sintomas. Cada um pode experimentar a doença de modo diferente. O que ressalta ainda mais a importância da avaliação de um bom psiquiatra para realizar um diagnóstico preciso e correto.

Os principais sintomas são:

  • Tristeza intensa e persistente;
  • Sentimento de vazio;
  • Perda de interesse em atividades antes consideradas prazerosas;
  • Perda ou aumento do apetite, resultando em perda ou ganho de peso;
  • Aumento ou redução do sono;
  • Cansaço excessivo, mesmo após o descanso;
  • Sentimento desproporcional de culpa excessiva ou de inutilidade;
  • Dificuldade de se concentrar e de tomar decisões;
  • Esquecimento;
  • Estar mais lento ou mais agitado;
  • Apatia, indiferença;
  • Desesperança, incapacidade de ver uma saída para o sofrimento;
  • Redução da libido;
  • Sentimentos de medo, insegurança, desamparo;
  • Interpretação negativa da realidade;
  • Ansiedade e irritabilidade; 
  • Sintomas físicos como dores musculares, náuseas, constipação, diarréia, dor de estômago e dor de cabeça;
  • Pensamentos de morte.

Para o diagnóstico, esses sintomas devem estar presentes na maioria dos dias e na maior parte do tempo por pelo menos duas semanas, além de causar sofrimento e algum tipo de prejuízo, seja pessoal, social, familiar, laboral, financeiro.

Gravidade da Depressão

O que define a gravidade de um episódio depressivo é o quanto ele afeta a sua funcionalidade. 

Os quadros leves são aqueles em que ainda se consegue realizar as suas atividades, mesmo que com alguma dificuldade. 

Nos quadros graves, o indivíduo já não consegue mais manter a sua rotina e cumprir as suas obrigações normalmente. 

Já o episódio moderado é aquele em que não se chegou ao extremo de não conseguir mais realizar as atividades de antes, mas já há uma dificuldade muito maior para cumpri-las, demandando muito mais esforço e causando algum tipo de prejuízo.

Existe algum exame que confirma o diagnóstico de Depressão?

Não há marcador biológico que seja diagnóstico de Depressão. Isto é, não existe nenhum exame (de sangue ou de imagem) que identifique esse transtorno. A Depressão não pode ser diagnosticada como uma pneumonia, por exemplo, que pode ser vista por meio de um raio-x, ou como um diabetes, que pode ser detectado por meio de um exame de sangue.

Por isso, dizemos que o seu diagnóstico é clínico, ou seja, é realizado somente por meio de uma extensa e minuciosa entrevista psiquiátrica, como eu faço no meu consultório.

No entanto, o fato de não existir um exame que faça o diagnóstico desse transtorno, não significa que ele não seja uma doença, como de fato é. As pessoas que têm esse quadro possuem alterações orgânicas verdadeiras, que as pessoas que não têm não possuem. Uma das provas disso é como a Depressão pode aumentar o risco ou agravar uma série de outras doenças. Contudo, com as informações e tecnologias que temos hoje, ainda não é possível utilizar essas alterações encontradas como uma forma de identificar esse transtorno.

A inexistência de um exame que seja capaz de confirmar esse diagnóstico também contribui para o estigma e o preconceito que existem em torno dessa doença. Já que o fato de não haver uma “prova” de que a pessoa está realmente doente muitas vezes leva os outros a atribuirem os sintomas desse transtorno a outras coisas, como frequentemente ouvimos dizer: “isso é preguiça, isso é falta de fé”. Por isso, é importante a compreensão de que a Depressão é, sim, uma doença como qualquer outra e que ninguém a tem porque quer.

Depressão e sua relação com outras doenças

A Depressão envolve uma série de alterações orgânicas que tornam o corpo mais suscetível ao desenvolvimento ou agravamento de diversas outras doenças, como:

  • Diabetes;
  • Hipertensão;
  • Infarto;
  • AVC;
  • Demência;
  • Dor crônica;
  • Doenças gastrintestinais;
  • Osteoporose;
  • Infecções;
  • Doenças autoimunes como o Lúpus.

Portanto, tratar a Depressão é importante tanto pela sua própria resolução quanto para evitar o aparecimento ou a piora de outras doenças.

Tratamento da Depressão

Assim como a causa da Depressão é multifatorial (envolve a interação entre vários fatores), o tratamento também inclui mais de uma estratégia.

Como vimos, a Depressão pode ser causada pela associação de uma série de fatores diferentes, podendo haver a predominância de algum deles. Portanto, o tratamento da Depressão nem sempre será o mesmo para todos.

É preciso, primeiramente, por meio de uma avaliação cuidadosa e abrangente, como a que eu realizo, identificar quais fatores estão causando a Depressão em cada paciente de modo particular (por exemplo, enquanto para um paciente a causa da Depressão pode ser exclusivamente genética, para outro, pode ser uma combinação de fatores, como o genético e o ambiental).

Somente após a identificação correta da causa da Depressão (que varia de pessoa para pessoa), é que se pode escolher o tratamento mais adequado.  

Os principais pilares do tratamento são:

Medicação

O tipo de medicamento que trata a Depressão são os antidepressivos. Existe uma ampla variedade de opções de antidepressivos e o psiquiatra é o médico capacitado para realizar essa prescrição. A escolha do antidepressivo mais adequado para cada paciente não deve ser aleatória. Por isso, para tomar essa decisão, eu me baseio em uma série de parâmetros importantes. 

Na minha consulta, em primeiro lugar, eu avalio se realmente há ou não a indicação de iniciar esse tipo de medicamento e, se sim, qual é o mais recomendado para cada paciente entre as várias opções disponíveis. Todo esse planejamento terapêutico é feito em conjunto com o meu paciente, de maneira compartilhada e não impositiva, avaliando todos os aspectos necessários a fim de chegarmos a um tratamento personalizado e que seja, de fato, a melhor opção para ele.

Psicoterapia

Como foi mencionado no tópico sobre as causas da Depressão, uma delas são os fatores psicológicos. São exatamente eles que devem ser abordados e tratados na psicoterapia. Durante a minha consulta, eu ajudo o paciente a identificar esses fatores e encontrar os melhores meios de resolvê-los.

Estilo de vida saudável

Isso inclui, por exemplo, organização da rotina, prática de atividades físicas, sono adequado e alimentação saudável.

Como agem os antidepressivos

Depressão

Eles agem aumentando a disponibilidade de alguns neurotransmissores no cérebro, principalmente a serotonina e a noradrenalina, cuja deficiência está associada ao quadro de Depressão. 

Qual antidepressivo escolher?

Existem diversas classes de antidepressivos. O psiquiatra é o médico habilitado a escolher qual é a melhor opção para você. Essa escolha não deve ser arbitrária (baseada na vontade do médico), e sim seguir determinados parâmetros.

Durante a minha consulta, eu analiso e explico ao paciente detalhadamente sobre as melhores alternativas para o seu caso em particular, esclarecendo como essa avaliação é feita e quais fatores são levados em conta. A partir disso, tomamos uma decisão compartilhada, com foco no que o paciente deseja e em sua melhora completa.

Alguns parâmetros que levo em consideração nessa escolha são, por exemplo, o uso anterior de algum antidepressivo, a tolerância e a resposta a ele, o perfil de efeitos colaterais de cada antidepressivo e sua relação com os sintomas do paciente e com o que ele deseja.

Efeitos colaterais dos antidepressivos

É comum e compreensível que os pacientes se preocupem com os efeitos colaterais dos antidepressivos. Os efeitos colaterais de uma medicação são algo que pode acontecer e não algo que vai acontecer sempre.

Nem todos os pacientes que tomam antidepressivos têm efeitos colaterais. Muitos pacientes não apresentam nenhum efeito colateral com essas medicações. Não é possível prever se alguém terá ou não um efeito colateral e qual será ele, mas é possível avaliar alguns fatores que favorecem ou não a ocorrência deles, como faço durante a minha consulta, a fim de reduzir o risco de esses efeitos acontecerem, ou, pelo menos, minimizá-los.

Quando ocorrem efeitos colaterais, nós temos algumas alternativas a escolher. Caso sejam toleráveis, podemos aguardar para avaliar se irão melhorar ou desaparecer (o que pode acontecer com o tempo). Se permanecerem, podemos avaliar se os benefícios da medicação são maiores que os efeitos colaterais, pois muitas vezes o paciente prefere conviver com algum efeito colateral leve, já que considera que os ganhos com a medicação são muito maiores e compensam o seu uso. Por último, podemos trocar a medicação a fim de encontrar outra opção que não cause efeito colateral ou para a qual esses efeitos sejam mínimos e os benefícios muito maiores.

Antidepressivo e mal-estar

Os efeitos colaterais mais comuns são sintomas de mal-estar geral que podem ocorrer nos primeiros dias do uso, como dor de cabeça e enjôo, que são os mais frequentes. Nem sempre eles ocorrem e eu utilizo algumas estratégias para evitá-los. Quando eles acontecem, em geral, são leves e toleráveis (não são graves ou incapacitantes) e são transitórios, passando por completo dentro de alguns dias de modo espontâneo, sem que seja preciso fazer nada. 

Antidepressivo e libido

Outro efeito colateral frequente e bem conhecido dos antidepressivos é a redução de libido. Nem todo mundo que toma um antidepressivo terá esse efeito colateral, mas muitas pessoas podem ter. Quando ele acontece, é possível que melhore depois de algum tempo. Caso não haja melhora, o que faço é avaliar a troca do antidepressivo para tentar encontrar um que não cause esse efeito (há alguns que causam mais e outros que causam menos). Outra alternativa é associar uma medicação que “neutraliza” esse efeito colateral.

É importante ressaltar que o antidepressivo apesar de poder causar esse efeito colateral, muitas vezes leva à sua melhora! Sim, porque frequentemente o paciente que está com Depressão já tem a libido reduzida pela própria doença (mesmo antes de começar a tomar o remédio), e, quando a medicação começa a agir e promover a melhora da Depressão, a libido também melhora como consequência! 

Antidepressivo engorda?

De um modo geral, os antidepressivos não engordam por si mesmos. O que acontece é que eles podem levar a um aumento do apetite e, nesse caso, somente se o paciente passar a comer mais em decorrência disso, ele pode engordar. Portanto, mesmo que haja um aumento do apetite, é possível que se consiga controlá-lo e não engordar.

Contudo, não é comum que os antidepressivos causem esse aumento de apetite; a maioria não causa. Alguns podem causar, inclusive, a redução do apetite. E mesmo quando há essa alteração do apetite, para mais ou para menos, ela tende a ser transitória, com o apetite voltando ao seu habitual depois de algum tempo.

Se mesmo assim, o paciente tiver ganho de peso com um antidepressivo, nós podemos avaliar a sua troca para encontrar uma opção que não lhe cause esse efeito colateral.

O antidepressivo vai me deixar lesado e grogue?

Não! Eu sempre explico aos meus pacientes que a minha intenção ao lhe prescrever uma medicação, quando indicada, é melhorar a sua vida, não piorá-la! Não faria nenhum sentido passar um medicamento que o deixaria lesado e grogue, incapaz de desempenhar as suas atividades diárias.

Quando eu prescrevo um antidepressivo é para que o paciente se sinta melhor e seja capaz de cumprir os seus deveres com alegria e disposição. 

Se o objetivo do antidepressivo é tratar a Depressão, o que se espera dele é que o deixe mais animado, mais bem humorado, mais feliz, e não que o deixe lesado! 

Não é comum que um antidepressivo cause sonolência. Em geral, quando isso ocorre, é um efeito leve e transitório. Mas caso seja um efeito intenso ou persistente  (o que é muito raro), nós faremos a troca da medicação. Pois, como eu disse, o objetivo é que você melhore, sinta-se bem e satisfeito, e não que fique pior ou continue como estava.

Antidepressivo vicia? E eu terei que tomá-lo para sempre?

Os antidepressivos não possuem o potencial para causar dependência, portanto, eles não viciam. 

É muito comum que o paciente pare de tomar um antidepressivo e sinta muito mal-estar, o que o leva a achar que isso acontece porque estava viciado no remédio, mas não é verdade. O mal-estar ocorre devido à suspensão abrupta da medicação, que, pelo seu mecanismo de ação, deve ser reduzida gradualmente até à suspensão e somente quando indicado por um psiquiatra. Quando esse processo é feito de modo correto e bem orientado, como eu faço, o paciente não sente nenhum mal-estar ao suspender a medicação. 

Outro fator que leva os pacientes a acharem que o antidepressivo vicia é quando param de tomar e voltam a sentir os mesmos sintomas de antes. Mas isso não significa que estavam viciados no remédio! Isso acontece quando o paciente ainda precisa do remédio para tratar o seu quadro. 

Pense, por exemplo, quando alguém que tem hipertensão para de tomar o anti-hipertensivo e a pressão volta a subir; isso acontece porque ele estava viciado no remédio para a pressão alta? Não, isso ocorre porque ele deixou de tomar o remédio que estava tratando a sua doença, e sem ele, a doença voltou a se manifestar. 

Isso não significa que se terá de tomar o antidepressivo para sempre; essa avaliação somente o psiquiatra pode realizar, sendo possível tanto o uso por um tempo limitado quanto o uso por tempo indeterminado. E se este último for o seu caso, não se preocupe! Os antidepressivos são completamente seguros para serem usados pelo tempo que for necessário. Além disso, pense que é melhor que exista a medicação que trata a sua doença e o deixa bem do que se ela não existisse e você fosse obrigado a conviver com todo o sofrimento e limitações que ela causa.

Depressão sempre precisa de remédio?

Depressão, antidepressivo

Nem sempre. Como já mencionado, o tratamento da Depressão depende da sua causa, que deve ser corretamente identificada por um bom psiquiatra.

Se a causa da Depressão for predominantemente um fator psicológico, o tratamento poderá ser somente a psicoterapia dependendo da gravidade do quadro. Se a causa da Depressão for uma outra doença, o tratamento será a resolução dessa doença específica, não o remédio para a Depressão. Se a causa da Depressão for uma medicação, o tratamento será avaliar a suspensão ou redução dessa medicação. Se a causa da Depressão compreender um fator ambiental, isto é, um problema específico pelo qual a pessoa esteja passando, o tratamento deve envolver a resolução ou o manejo desse problema de alguma forma.

No entanto, há casos em que o antidepressivo é essencial. Por exemplo, em episódios graves de Depressão e quando não há nenhum outro fator além do genético associado à sua causa, como um fator psicológico ou ambiental.

Portanto, fique atento se um psiquiatra acredita que toda Depressão é tratada somente com antidepressivo e tudo o que ele faz é apenas lhe prescrever um. Esteja alerta para o psiquiatra que trata todos os quadros de Depressão do mesmo modo, sem individualizar o tratamento para cada paciente.

No meu consultório, eu realizo uma análise extensa e minuciosa a fim de, junto com o paciente, identificar a melhor estratégia de tratamento para o seu caso particular.

Quanto tempo dura a Depressão?

Depressão, antidepressivo

O período de duração da Depressão pode variar desde semanas a anos, não há como prever. Quanto mais grave é um episódio depressivo, mais tempo ele tende a durar. O diagnóstico e tratamento precoces e adequados podem reduzir essa duração. 

Depressão tem cura?

A Depressão tende a ser uma doença recorrente, ou seja, as pessoas acometidas por ela podem apresentar vários episódios ao longo da vida. Sabe-se que quanto mais episódios de Depressão se teve, maior o risco de se ter outros. Quando se tem, por exemplo, o terceiro episódio de Depressão, a chance de ter outros episódios posteriormente é maior do que quando se teve um único episódio na vida. 

É possível que cada episódio seja tratado de modo eficaz e se alcance uma remissão total dos sintomas. No entanto, o risco de ocorrer um novo episódio, mesmo quando se está completamente bem, sempre existe e não há como prever se acontecerá ou não. 

Contudo, além da possibilidade de se conseguir a melhora total dos sintomas de um episódio de Depressão, também é possível reduzir a chance de um novo episódio acontecer. Para isso, o tratamento deve ser baseado na causa certa da Depressão, que precisa ser corretamente estabelecida por meio de uma avaliação criteriosa.

O Que é Depressão Pós-Parto?

Depressão

A depressão pós-parto é um tipo de depressão que ocorre após o nascimento de um bebê. Embora seja comum ouvir sobre o “baby blues” — uma leve tristeza que pode ocorrer nos primeiros dias após o parto devido às intensas mudanças hormonais —, a depressão pós-parto é diferente. Ela é mais intensa, duradoura e pode afetar profundamente a capacidade de a mãe cuidar de si mesma e de seu bebê.

Essa condição pode começar logo após o parto ou se desenvolver algumas semanas ou meses depois. A depressão pós-parto não é uma falha de caráter ou um sinal de que a mãe não ama o bebê. Trata-se de uma condição médica real que precisa de atenção e tratamento.

Sintomas da Depressão Pós-Parto

Os sintomas podem variar em intensidade e duração, mas os mais comuns incluem:

  • Tristeza profunda e constante: A mãe pode sentir uma tristeza que não passa, independentemente das circunstâncias.
  • Fadiga extrema e perda de energia: Mesmo com descanso, o cansaço parece nunca melhorar.
  • Dificuldade em se conectar com o bebê: Algumas mães sentem dificuldade em desenvolver um vínculo emocional com o recém-nascido.
  • Ansiedade intensa: Pensamentos constantes de preocupação ou medo com a saúde e o bem-estar do bebê, ou até mesmo com o próprio futuro.
  • Alterações no apetite e no sono: Muitas mães com depressão pós-parto podem ter insônia ou, ao contrário, sentir vontade de dormir o tempo todo. O apetite também pode aumentar ou diminuir drasticamente.
  • Culpa e sentimento de incapacidade: Sentimentos de culpa, como achar que não são boas mães ou que estão falhando.
  • Pensamentos sobre machucar a si mesma ou ao bebê: Em casos graves, a mãe pode ter pensamentos de autolesão ou de machucar o bebê, o que requer ajuda imediata.

Causas e Fatores de Risco

A depressão pós-parto é uma condição multifatorial, o que significa que ela não possui uma causa única, mas resulta da combinação de vários fatores:

  • Mudanças hormonais: Após o parto, os níveis de hormônios como estrogênio e progesterona caem drasticamente, o que pode impactar o humor e contribuir para a depressão.
  • Histórico de depressão: Mulheres com histórico de depressão, ansiedade ou outras condições de saúde mental têm maior risco de desenvolver depressão pós-parto.
  • Estresse e falta de apoio: A falta de apoio social e familiar, dificuldades financeiras ou problemas de relacionamento podem aumentar o risco de depressão pós-parto.
  • Complicações no parto: Experiências traumáticas durante o parto, como cesarianas de emergência ou internação do bebê em unidade de terapia intensiva, podem contribuir para o surgimento da condição.
  • Mudanças na vida e no corpo: Lidar com as demandas físicas e emocionais do cuidado com o recém-nascido, além das mudanças no corpo e na rotina, pode ser desafiador.

Como a Depressão Pós-Parto é diagnosticada?

O diagnóstico da depressão pós-parto é feito pelo psiquiatra, que avaliará os sintomas, a intensidade e a duração deles. Não existe um exame de sangue ou teste físico que possa diagnosticar a depressão pós-parto; o diagnóstico é feito com base nos relatos da mãe e nas observações do profissional.

Tratamento da Depressão Pós-Parto

O tratamento da depressão pós-parto pode incluir uma combinação de abordagens para ajudar a mãe a recuperar seu bem-estar emocional:

  • Psicoterapia: A terapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), é uma das opções mais recomendadas. A TCC ajuda a mãe a identificar e modificar pensamentos e comportamentos negativos.
  • Medicação: Em alguns casos, antidepressivos podem ser indicados. Muitos antidepressivos são seguros para uso durante a amamentação e o psiquiatra é o médico capacitado para avaliar o que é mais adequado para cada caso.
  • Suporte social e familiar: Ter uma rede de apoio é essencial para o processo de recuperação. Amigos e familiares podem ajudar assumindo algumas responsabilidades e oferecendo suporte emocional.
  • Mudanças no estilo de vida: Práticas como alimentação equilibrada, exercícios físicos e um bom descanso (quando possível) ajudam a melhorar o humor e a disposição.

O Que é Depressão na Menopausa?

Depressão

A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, marcada pelo fim da capacidade reprodutiva e pela interrupção dos ciclos menstruais. Ela geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos, e é acompanhada de várias mudanças físicas e emocionais que podem impactar o bem-estar. Uma dessas mudanças, que muitas vezes não recebe a atenção devida, é a depressão na menopausa.

A depressão na menopausa refere-se aos episódios depressivos que podem ocorrer durante essa fase, muitas vezes agravados pelas mudanças hormonais. É importante destacar que nem todas as mulheres passarão por isso, mas para aquelas que desenvolvem depressão durante a menopausa, os sintomas podem ser bastante desafiadores.

A menopausa se divide em três fases principais: a perimenopausa (fase de transição, em que os ciclos menstruais começam a se tornar irregulares), a menopausa (quando a menstruação cessa por completo) e a pós-menopausa (fase que ocorre após 12 meses sem menstruação). A depressão pode surgir em qualquer uma dessas fases, mas é mais comum na perimenopausa e nos primeiros anos da menopausa.

Por Que a Depressão na Menopausa acontece?

A depressão na menopausa pode ser causada por uma combinação de fatores biológicos, emocionais e sociais. Aqui estão os principais:

  • Mudanças Hormonais: Durante a menopausa, ocorre uma queda significativa nos níveis de estrogênio e progesterona, hormônios que afetam o humor e o bem-estar. A redução desses hormônios pode impactar os neurotransmissores do cérebro, como a serotonina, aumentando o risco de sintomas depressivos.
  • Sintomas Físicos da Menopausa: Ondas de calor, insônia, suor noturno e fadiga são sintomas comuns da menopausa e podem afetar a qualidade do sono e o bem-estar emocional, contribuindo para o desenvolvimento da depressão.
  • Mudanças de Vida e Envelhecimento: A menopausa pode coincidir com outras transições da vida, como filhos saindo de casa, aposentadoria, morte de parentes ou a percepção do envelhecimento. Esses fatores podem causar um impacto emocional e aumentar o risco de depressão.
  • Histórico de Depressão: Mulheres que já tiveram episódios de depressão anteriormente ou possuem histórico familiar de transtornos mentais podem estar em maior risco de desenvolver depressão durante a menopausa.

Sintomas da Depressão na Menopausa

Os sintomas de depressão na menopausa são similares aos de outros tipos de depressão, mas podem se misturar com sintomas da menopausa, o que pode dificultar o diagnóstico. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Tristeza persistente ou sentimento de vazio: Sentir-se constantemente triste ou sem esperança é um dos principais sintomas da depressão.
  • Falta de interesse nas atividades: A mulher pode perder o interesse em atividades que antes lhe davam prazer, como hobbies ou interações sociais.
  • Fadiga e falta de energia: Cansaço extremo, mesmo após uma boa noite de sono, é comum.
  • Dificuldade de concentração e memória: Muitas mulheres relatam “nevoeiro mental”, dificuldade em manter o foco e lembrar das coisas.
  • Alterações no sono: Insônia, dificuldade para adormecer ou para manter o sono são problemas comuns na depressão na menopausa.
  • Mudanças de apetite e peso: Algumas mulheres perdem o apetite, enquanto outras desenvolvem um desejo maior por alimentos, o que pode levar ao ganho de peso.
  • Irritabilidade e ansiedade: As alterações hormonais também podem causar uma maior sensibilidade ao estresse e aumentar a irritabilidade e ansiedade.
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa: Algumas mulheres sentem-se menos valorizadas ou úteis, especialmente se o processo de envelhecimento estiver impactando a autoestima.
  • Pensamentos de morte ou suicídio: Em casos graves, podem surgir pensamentos de autolesão ou de morte. Esse é um sinal de que a mulher precisa de ajuda imediata.

Diagnóstico da Depressão na Menopausa

O diagnóstico da depressão na menopausa é feito por psiquiatra, que avaliará o histórico de saúde mental da mulher, os sintomas e a duração deles. Também pode ser importante realizar exames de sangue para verificar os níveis hormonais e descartar outras condições que possam estar contribuindo para os sintomas, como por exemplo problemas de tireoide.

Tratamento para a Depressão na Menopausa

O tratamento para a depressão na menopausa geralmente envolve uma combinação de abordagens, incluindo:

  1. Terapia Hormonal (TH): A terapia hormonal pode ajudar a aliviar alguns dos sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia e alterações de humor. A TH deve ser considerada caso a caso e sempre com acompanhamento médico, pois possui contraindicações e riscos para algumas mulheres.
  2. Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é eficaz no tratamento da depressão, ajudando a identificar e modificar pensamentos negativos e a desenvolver habilidades para lidar com o estresse. Terapias de apoio e grupos de apoio também podem ser úteis para que a mulher se sinta compreendida e acolhida.
  3. Medicação Antidepressiva: Em alguns casos, o psiquiatra pode recomendar o uso de antidepressivos para ajudar a estabilizar o humor. Alguns tipos de antidepressivos também podem ajudar a melhorar sintomas físicos, como insônia e ondas de calor.
  4. Mudanças no Estilo de Vida: Pequenas mudanças na rotina podem ter um impacto positivo no humor e no bem-estar. Exercícios físicos regulares, alimentação balanceada e práticas de relaxamento, como meditação e ioga, ajudam a combater sintomas da depressão e aumentam a sensação de bem-estar.
  5. Suporte Social e Familiar: O apoio de amigos e familiares é essencial durante essa fase. Ter uma rede de suporte emocional ajuda a mulher a se sentir valorizada e compreendida, além de reduzir o isolamento, que pode piorar os sintomas de depressão.

O que é a Depressão Psicótica?

Depressão

A depressão psicótica é um tipo de depressão grave em que, além dos sintomas clássicos como tristeza profunda, falta de energia e perda de interesse, o paciente também experimenta sintomas psicóticos. Esses sintomas podem incluir:

  • Delírios: Crenças falsas e irracionais, como a ideia de que está sendo perseguido, que é culpado por algo muito grave ou que possui uma doença incurável.
  • Alucinações: Percepções sem um estímulo real, como ouvir vozes ou ver coisas que não existem.

Esses sintomas podem ser assustadores tanto para quem sofre com eles quanto para familiares e amigos. As pessoas com depressão psicótica frequentemente têm uma visão muito negativa de si mesmas e do mundo, o que piora o quadro depressivo e pode levar ao isolamento e até ao risco de suicídio.

Causas da Depressão Psicótica

A causa exata da depressão psicótica não é completamente compreendida, mas sabe-se que ela pode ser influenciada por uma combinação de fatores:

  • Genética: Históricos familiares de depressão ou outros transtornos psiquiátricos aumentam o risco.
  • Desequilíbrios Químicos no Cérebro: A depressão psicótica está associada a alterações em neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, que regulam o humor e a percepção.
  • Estresse e Traumas: Eventos traumáticos, como perdas significativas ou situações de estresse prolongado, podem desencadear ou agravar a condição.
  • Outras Condições de Saúde Mental: Pessoas com Esquizofrenia ou Transtorno Bipolar também podem ter um risco maior de desenvolver sintomas psicóticos em quadros depressivos.

Sinais e Sintomas da Depressão Psicótica

Os sintomas da depressão psicótica incluem, além da tristeza profunda e do desânimo, sinais mais intensos e complexos, tais como:

  1. Desconfiança Excessiva: A pessoa pode acreditar que os outros estão conspirando contra ela ou querem prejudicá-la.
  2. Culpa Excessiva ou Inadequada: Sentimentos de culpa muito fortes e irracionais, muitas vezes sem justificativa.
  3. Pensamentos Negativos Persistentes: Ideias fixas de fracasso, inutilidade ou vergonha.
  4. Isolamento Social: A pessoa pode evitar contato com amigos e familiares, preferindo ficar sozinha.
  5. Fadiga Extrema: A depressão psicótica tende a drenar completamente as energias, tornando difícil realizar até tarefas simples.

Tratamento da Depressão Psicótica

A depressão psicótica é uma condição tratável, mas exige uma abordagem diferenciada, que pode incluir:

  1. Medicação: O tratamento medicamentoso geralmente combina antidepressivos com antipsicóticos, pois juntos eles ajudam a aliviar os sintomas depressivos e psicóticos.
  2. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC é uma abordagem que ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos negativos e irracionais, ajudando a reduzir a intensidade dos sintomas psicóticos e depressivos.
  3. Hospitalização: Em casos mais graves, onde há risco para a própria segurança do paciente ou de terceiros, a hospitalização temporária pode ser necessária para estabilizar o quadro.
  4. Eletroconvulsoterapia (ECT): Em casos em que outros tratamentos não foram eficazes ou em que se precise de uma resposta mais rápida -por haver de risco de vida por exemplo-, a ECT pode ser uma opção. Esse procedimento é seguro e altamente eficaz. É realizado sob anestesia e pode ajudar a aliviar sintomas severos da depressão psicótica.

Distimia: o que é?

Depressão

A Distimia, também chamada de Transtorno Depressivo Persistente, é um quadro de depressão mais leve, porém mais duradouro. Ela é diagnosticada quando alguém passa pelo menos dois anos com o humor deprimido a maior parte do tempo associado a pelo menos dois dos seguintes sintomas:

  1. Apetite diminuído ou alimentação em excesso.
  2. Insônia ou hipersonia.
  3. Baixa energia ou fadiga.
  4. Baixa autoestima.
  5. Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões.
  6. Sentimentos de desesperança.

Para confirmar esse diagnóstico, é necessário que o indivíduo, durante esse período mínimo de dois anos, jamais fique sem os sintomas descritos acima por mais de dois meses e apresente sofrimento significativo e prejuízo em alguma área importante de sua vida, como no trabalho ou estudo.

Como esses sintomas são menos intensos e duram por tanto tempo, sendo praticamente constantes na vida de quem os tem, é comum que a própria pessoa e os outros achem que eles são normais, fazem parte “do jeito de ser, da personalidade”. O que é muito prejudicial, uma vez que fará com que não se busque tratamento e com que, mesmo diante de um médico, não se relate esses sintomas. Por isso, é necessário que o psiquiatra esteja muito atento ao paciente e faça uma avaliação realmente abrangente, como eu faço nas minhas consultas.

Apesar de esse quadro ser mais leve do que a Depressão “comum”, que nós chamamos de Depressão Maior, ele pode trazer muitos prejuízos para quem os vivencia, sobretudo, pela sua duração prolongada. E caso não seja tratado, ele pode piorar e evoluir para a Depressão.

O diagnóstico e o tratamento dessa condição são iguais aos abordados para a Depressão e necessitam de avaliação e intervenção do psiquiatra.

Depressão e Suicídio

Infelizmente, a Depressão é um dos principais fatores de risco para o suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, mais de 700.000 pessoas tiram a própria vida, sendo o suicídio uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Globalmente, é considerado um problema de saúde pública. Para cada suicídio consumado, há muitas tentativas, o que agrava o impacto social e emocional dessa condição.

Estudos epidemiológicos mostram que aproximadamente 60% dos casos de suicídio são relacionados a algum transtorno mental, sendo a Depressão o transtorno mais comum. Entre indivíduos com depressão grave, estima-se que até 15% possam vir a cometer suicídio ao longo da vida.

No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, são registradas aproximadamente 14 mil mortes por suicídio ao ano, uma taxa de 6,1 por 100 mil habitantes. Esses números colocam o Brasil como o oitavo país com maior número absoluto de suicídios no mundo, reforçando a importância de políticas de prevenção.

Fatores de Risco para Suicídio

O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial, sendo necessário compreender os principais fatores de risco, que podem incluir:

  1. Histórico Familiar de Suicídio: Ter parentes próximos que cometeram suicídio é um importante fator de risco, indicando possíveis predisposições genéticas e fatores sociais e ambientais.
  2. Tentativa Prévia de Suicídio: se alguém já tentou suicídio anteriormente tem um maior risco de tentar de novo.
  3. Uso de Substâncias: O abuso de álcool e outras drogas aumenta significativamente o risco de comportamentos suicidas.
  4. Eventos Estressores e Traumas: Eventos de vida negativos, como perdas significativas, abusos ou violência, estão associados a um risco aumentado.
  5. Isolamento Social: A falta de apoio social e isolamento são fatores de risco importantes para o suicídio, particularmente entre idosos e jovens.
  6. Doenças Crônicas e Dor Crônica: Condições médicas debilitantes também podem aumentar a vulnerabilidade a pensamentos e comportamentos suicidas.

Sinais de Alerta

Identificar os sinais de alerta é essencial para ajudar a prevenir o suicídio. Alguns dos sinais mais comuns incluem:

  • Expressar pensamentos suicidas ou de falta de esperança;
  • Alterações significativas no comportamento e humor;
  • Retraimento social e isolamento;
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Mudanças repentinas no humor, como melhora súbita após um longo período de depressão (o que pode indicar a decisão de tentar suicídio).

A Depressão com pensamentos suicidas tem tratamento eficaz. Esse é um quadro mais grave e com necessidade de intervenção urgente e de cuidados especiais. O tratamento pode requerer a associação de outras medicações além dos antidepressivos, as quais somente o psiquiatra é capacitado a prescrever após uma extensa avaliação.

Como ajudar uma pessoa com Depressão?

Depressão

Ajudar alguém com Depressão pode ser desafiador, mas seu apoio pode fazer uma grande diferença. Muitas pessoas com depressão se sentem isoladas, incompreendidas ou desmotivadas para buscar ajuda, por isso, amigos e familiares desempenham um papel fundamental no apoio ao tratamento e recuperação. Lembre-se: você não precisa ter todas as respostas, mas estar presente e disposto a ajudar já é um passo fundamental.

Aqui estão algumas maneiras eficazes de ajudar alguém com Depressão:

1. Incentive a busca de ajuda profissional

  • A Depressão é uma condição médica que exige tratamento profissional. Incentive a pessoa a buscar ajuda de um psiquiatra. Ajude-a a encontrar profissionais ou ofereça-se para acompanhá-la a uma consulta, caso sinta que isso pode aliviar a ansiedade dela.

2. Escute sem julgamentos

  • Permita que a pessoa fale sobre o que está sentindo sem julgá-la ou minimizar seus sentimentos. Muitas vezes, quem está deprimido precisa apenas de alguém que o escute sem interromper, corrigir ou tentar “consertar” seus sentimentos.

3. Evite frases e conselhos simplistas

  • Frases como “é só pensar positivo” ou “sai dessa” geralmente são ineficazes e podem fazer a pessoa sentir que suas emoções estão sendo desvalorizadas. Em vez disso, procure expressões de apoio, como “estou aqui para você”, “o que posso fazer para ajudar?” ou “entendo que deve ser muito difícil para você”.

4. Ofereça apoio para atividades diárias

  • A Depressão torna tarefas simples, como arrumar a casa, fazer compras ou até mesmo tomar banho, extremamente difíceis. Ofereça ajuda prática, mas de forma delicada. Você pode sugerir preparar uma refeição juntos, sair para uma caminhada ou organizar o ambiente, respeitando sempre o ritmo e as vontades da pessoa.

5. Seja paciente e consistente

  • A recuperação da Depressão pode ser lenta e exige paciência. Pode haver dias em que a pessoa recuse sua ajuda ou pareça distante. Mesmo assim, continue a demonstrar sua presença e apoio. Esse suporte consistente mostra que você está ao lado dela independentemente do momento.

6. Eduque-se sobre a Depressão

  • Buscar informações sobre a Depressão ajuda você a entender melhor o que a pessoa está passando e como a doença afeta a mente e o corpo. Com conhecimento, você poderá oferecer um apoio mais empático e evitar atitudes ou comentários que, mesmo sem intenção, possam ser prejudiciais.

7. Promova o autocuidado

  • Incentive pequenas práticas de autocuidado, como alimentação saudável, exercícios físicos e atividades relaxantes. Mas faça isso de maneira gentil, para não parecer uma cobrança. O simples convite para um passeio ao ar livre ou uma atividade leve pode fazer a pessoa sentir que você se importa e quer ajudar de forma prática.

8. Seja uma companhia positiva e apoie pequenas conquistas

  • Celebrar pequenos avanços e mostrar apreciação pelas conquistas da pessoa, mesmo que sejam coisas simples, pode ajudar a reforçar a autoestima e a confiança. O reconhecimento dessas pequenas vitórias pode ser motivador e ajudá-la a perceber que o progresso é possível.

9. Respeite o espaço e as limitações da pessoa

  • Às vezes, a pessoa pode precisar de um tempo sozinha, e tudo bem. Respeite os limites dela, mostrando que você está disponível sempre que ela se sentir confortável para conversar ou pedir ajuda.

10. Esteja atento a sinais de risco de suicídio

  • A Depressão aumenta o risco de pensamentos suicidas. Se você notar sinais como fala sobre morte, desesperança extrema, retirada social ou menções diretas de suicídio, é importante buscar ajuda urgente. Nestes casos, entre em contato com profissionais de saúde mental, ligue para serviços de emergência ou entre em contato com uma rede de apoio que possa intervir.

11. Cuide de você também

  • Ajudar alguém com Depressão pode ser emocionalmente desgastante. Reserve um tempo para cuidar do seu próprio bem-estar e, se sentir necessidade, busque apoio emocional para lidar com as dificuldades que o processo pode trazer.

Dicas práticas para evitar e tratar a Depressão

Algumas recomendações gerais que podem auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento da Depressão são:

  • Prática regular de atividade física;
  • Alimentação saudável, sem a ingesta excessiva de carboidratos refinados como os doces;
  • Organização da rotina e definição de objetivos concretos e realizáveis;
  • Prática religiosa quando se tem uma religião;
  • Estabelecimento de vínculos sociais;
  • Inserção em atividades saudáveis que causem prazer e satisfação;
  • Ser e sentir-se útil;
  • Evitar abuso de álcool e drogas;
  • Dormir adequadamente;
  • Encontrar o sentido da sua vida.

Depressão, tratamento antidepressivo

Curiosidades

As mulheres são mais afetadas pela Depressão do que os homens. 

O Brasil é o país com a maior prevalência de Depressão na América Latina.

Existe uma forma de Depressão que possui relação com as estações do ano e se manifesta mais comumente no inverno, quando há menor exposição à luz solar (Depressão Sazonal).

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