Dra. Tamara Cardoso

Ansiedade, pânico

Os Transtornos de Ansiedade são o transtorno mental mais comum, sendo o Brasil o país com a maior prevalência de Ansiedade do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em geral, há muita dúvida sobre até que ponto a ansiedade é considerada normal, quando e como tratá-la. É o que esclareço neste artigo, trazendo aspectos que normalmente não são falados sobre esse quadro.

O médico especialista em diagnosticar e tratar a Ansiedade e o Pânico é o Psiquiatra.

Por que você deve se consultar comigo?

Sou Médica Psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade Federal de São João del-Rei, com Residência Médica em Psiquiatria pelo Ipsemg e especialização em Análise Existencial e Logoterapia Frankliana. Tenho experiência em tratar todos os Transtornos Mentais, incluindo os Transtornos de Ansiedade. 

Possuo um olhar integral aos meus pacientes porque acredito que somente dessa forma posso ajudá-los de verdade. Não trato apenas de sintomas físicos, mas de tudo o que diz respeito à pessoa humana e à sua realização verdadeira.

Exercer a Psiquiatria como eu faço vai muito além de identificar alterações orgânicas. Prezo por uma avaliação minuciosa e abrangente. Busco compreender todos os aspectos necessários para chegar a uma intervenção individualizada, que realmente tornará a vida dos meus pacientes muito melhor do que antes.

Psiquiatra

O que é Ansiedade? 

A ansiedade é a antecipação de um perigo futuro. Ou seja, ela ocorre quando imaginamos algo que pode nos ameaçar de alguma forma, de modo real ou não. Por exemplo, uma ameaça à sua integridade física numa possível briga com alguém; uma ameaça à sua vida num acidente automobilístico; uma ameaça à sua imagem, numa apresentação em público. 

A ansiedade é diferente do medo, apesar de eles geralmente se sobreporem, o que, muitas vezes, torna difícil essa distinção.

O medo é a resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, e tem a intenção de nos preparar para “lutar ou fugir” em situações consideradas ameaçadoras. Por isso, nesses momentos sentimos o coração disparar, a respiração se tornar difícil, as mãos tremerem e suarem. Isso se deve à liberação de alguns neurotransmissores pelo nosso corpo, como a noradrenalina, a fim de nos preparar, por exemplo, para correr de algo que nos ameaça, aumentando a disponibilidade de energia aos nossos músculos.

Ou seja, o medo acontece quando já estamos numa situação de perigo, que realmente existe ou que nós imaginamos que existe. Já a ansiedade acontece antes, como uma sensação de tensão, hipervigilância e comportamento de esquiva, em antecipação a um perigo futuro, que não está acontecendo naquele momento, e que pode realmente vir a ocorrer ou não.

Ansiedade, pânico

Existe um nível normal de Ansiedade?

Tanto o medo quanto a ansiedade podem ser emoções normais, desde que estejam realmente adequados à situação e levem à ação necessária para enfrentá-la, não à paralisação. 

Para fazermos essa distinção (entre o medo e a ansiedade normais e patológicos), é preciso avaliar uma série de parâmetros, como por exemplo:

  • A frequência e a intensidade com que essas sensações ocorrem;
  • O contexto social e cultural do indivíduo: o modo adequado de reagir a certas situações pode variar conforme a cultura e as crenças de onde se vive;
  • Se essas sensações são realmente proporcionais às situações que as causam: por exemplo, sentir-se extremamente ansioso com a realização de uma tarefa doméstica simples é algo claramente desproporcional; por outro lado, ficar mais preocupado após um diagnóstico de câncer pode ser compreensível;
  • A duração dessas emoções: por exemplo, se elas estão se prolongando muito tempo além do acontecimento que as causou;
  • Se estão causando grande sofrimento e prejuízos na vida diária

Essa é uma análise que eu faço com muita cautela e por meio de uma avaliação extensa no meu consultório, buscando discernir as emoções normais de um quadro patológico, sempre em busca de aliviar os sintomas que incomodam. 

Lembre-se de que sentir emoções faz parte do que é ser humano e, muitas vezes, essas emoções podem funcionar como um mecanismo de sobrevivência e de adaptação, como o medo quando você precisa correr de um ladrão, ou a ansiedade quando você precisa se preparar para uma prova ou entregar um trabalho, por exemplo. 

Portanto, é necessária cautela para que essa distinção seja muito bem feita e possa proporcionar ao paciente um diagnóstico e tratamento corretos. Sem fazê-lo perder aquilo que é humano e essencial à sua existência e adaptação ao mundo; sem torná-lo alguém anestesiado, mas, sim, alguém capaz de experimentar as suas emoções de modo saudável, conseguindo desfrutar das maravilhas que o mundo oferece àqueles que sabem reconhecê-las e vivê-las bem. É isso o que proporciono aos meus pacientes.

Diferentes Transtornos de Ansiedade

Quando se fala em Ansiedade, geralmente se está referindo ao Transtorno de Ansiedade Generalizada, que é o Transtorno de Ansiedade mais diagnosticado. No entanto, existem diferentes diagnósticos incluídos nos Transtornos de Ansiedade. Entre eles estão a Fobia Social, as Fobias Específicas, a Ansiedade de Doença (hipocondria) e a Síndrome do Pânico.

Todos eles têm em comum o medo e a ansiedade excessivos, mas diferem quanto ao tipo de objetos ou situações que induzem esses sintomas e quanto aos pensamentos ou crenças associados a eles. Esses diferentes Transtornos de Ansiedade tendem a ser altamente comórbidos, isto é, quem possui algum deles, tem maior risco de possuir outro também.

Neste artigo tratarei do Transtorno de Ansiedade Generalizada, que chamarei apenas de Ansiedade, e da Síndrome do Pânico.

Causas: por que alguém desenvolve Ansiedade?

Assim como a Depressão, a Ansiedade possui origem multifatorial, ou seja, é causada por uma combinação de fatores diferentes e não apenas por um único fator isolado. Isso explica por que algumas pessoas ficam ansiosas enquanto outras não, quando expostas a um fator estressor ou mesmo na ausência dele. 

Por exemplo, duas pessoas expostas a um fator estressor semelhante (como uma sobrecarga de trabalho), podem reagir de modo diferente, com uma ficando ansiosa e a outra não. Do mesmo modo, alguém exposto a um estresse muito grande pode não desenvolver ansiedade, enquanto alguém exposto a um estresse bem menor (ou até mesmo na ausência de um estresse), pode se sentir muito ansioso. Isso acontece exatamente porque não há um único fator envolvido na origem da ansiedade, sendo necessária uma combinação de vários fatores para que esse quadro se manifeste.

Aqui estão os principais fatores que se combinam para deflagrar um quadro de Ansiedade:

Fatores Genéticos

Você pode já nascer com genes que o tornam mais vulnerável a ter a doença. E essa é uma predisposição sobre a qual não temos controle; nascemos ou não com ela. Como a nossa genética é hereditária, ter algum familiar, principalmente de 1º grau, com Ansiedade, aumenta a chance de tê-la também. 

Quanto maior for a sua vulnerabilidade genética ao desenvolvimento dessa doença, menos você precisa da existência dos outros fatores para desenvolvê-la. É o que acontece quando o paciente afirma “não ter nenhum motivo para estar assim”. Nesse caso, provavelmente a causa da sua Ansiedade é principalmente, ou unicamente, genética, ou seja, genes “doentes” estão causando alterações no seu corpo que manifestam como sintomas de Ansiedade, sem que haja nenhuma razão externa para que a pessoa se sinta assim (não está passando por nenhum grande problema no momento).

Isso pode explicar, por exemplo, por que uma pessoa fica ansiosa mesmo vivendo um momento tranquilo de sua vida, enquanto outra não fica ansiosa mesmo enfrentando uma série de dificuldades. A razão pode ser que a primeira pessoa tenha uma predisposição genética para Ansiedade muito maior do que a segunda.

Além disso, esses fatores genéticos são compartilhados com a Depressão, ou seja, quem é geneticamente mais suscetível à Depressão, também o é à Ansiedade e vice-versa.

Fatores Ambientais

Eles compreendem as adversidades da vida. Estar passando por problemas, dificuldades, traumas, frustrações, desafios, torna as pessoas mais propensas à Ansiedade. Você já deve ter pensado que se estivesse no lugar de alguém que está ansioso (vivendo a sua vida), você também estaria ansioso.

No entanto, como já dito, isso não é suficiente para se ter Ansiedade, pois se fosse, todos os que passam por problemas teriam a doença, o que não acontece, porque para que a Ansiedade ocorra outros fatores são necessários.

Há muitas pessoas que enfrentam grandes dificuldades de modo sereno, enquanto outras, desenvolvem Ansiedade (muitas vezes até mesmo sem estar enfrentando grandes problemas). A explicação para isso pode estar no fator genético, sobre o qual já falamos, mas também pode se dever aos fatores psicológicos, nosso próximo tópico.

Fatores Psicológicos

Além de os problemas em si serem um fator de risco para a Ansiedade, o modo como os enxergamos e lidamos com eles também pode ser. Por exemplo, pode-se estar ansioso apenas por se estar “pensando errado” e temendo uma situação completamente improvável de acontecer ou superestimando um perigo inofensivo.

Desse modo, padrões de pensamento, mentalidades, visões de mundo e crenças, podem contribuir para que alguém se sinta ansioso. 

Essa pode ser uma outra explicação para o fato de alguém, mesmo passando por grandes dificuldades, não ficar ansioso. Essa pessoa pode ter a habilidade de enxergar os problemas de uma perspectiva melhor, mais funcional, mais positiva. E isso pode ser aprendido. Portanto, se você não tem essa habilidade, você pode adquiri-la. É o que eu ajudo os meus pacientes a conquistarem.

Medicações

Alguns remédios, pelo seu mecanismo de ação, podem levar a um quadro que chamamos de Ansiedade Secundária, ou seja, trata-se de uma Ansiedade induzida por uma substância. Alguns exemplos são: corticoides, hormônios tireodianos e anfetaminas (como as medicações usadas para tratar TDAH). Nesses casos, é necessário avaliar os riscos e os benefícios da manutenção dessas medicações.

Condições Médicas

Existem algumas doenças também capazes de causar a Ansiedade Secundária. Algumas delas são: hipertireoidismo (produção aumentada dos hormônios tireoidianos) e feocromocitoma (tumor das glândulas adrenais). Nesses casos, a Ansiedade é resolvida com o tratamento dessas doenças.

Alimentação

Nosso cérebro precisa estar “bem alimentado”, uma vez que a alimentação exerce um papel crucial na regulação da saúde mental. Um exemplo disso é o consumo elevado de alimentos estimulantes, como a cafeína, que pode contribuir para o surgimento ou piora da Ansiedade.

Hábitos

Assim como hábitos de vida saudáveis ajudam a evitar doenças, hábitos de vida ruins aumentam o risco de desenvolvê-las. Entre estes estão o sedentarismo, uma má rotina de sono e o uso excessivo de telas (celular, computador, televisão), por exemplo.

Abuso ou abstinência de substâncias

Substâncias como álcool, cocaína e maconha, também podem induzir um quadro de Ansiedade Secundária, tanto durante o uso abusivo quanto durante a abstinência delas. 

Sintomas: como se sente e se comporta alguém com Ansiedade?

Ansiedade, pânico

O Transtorno de Ansiedade Generalizada pode se manifestar com diferentes sintomas, que podem variar entre as pessoas acometidas. As suas características essenciais são o medo e a preocupação excessivos acerca de temas diversos, por isso o termo “Generalizada”. Esses temas podem envolver desde questões mais sérias como saúde e finanças, até questões mais simples como afazeres domésticos e horários. 

Os que sofrem com esse quadro, por mais que queiram e tentem, não conseguem controlar essas preocupações (“não consigo tirar da cabeça”) nem impedir que elas interfiram nas suas atividades, reduzindo a sua concentração e desempenho.

A maioria das pessoas que têm Ansiedade afirmam que se sentem assim “a vida toda”. No entanto, a idade média de início desse quadro é 30 anos, apesar de ele poder começar em praticamente qualquer idade, de crianças a idosos. 

A diferença principal no quadro de Ansiedade entre as faixas etárias é o conteúdo da preocupação, que tende a ser adequado à idade. Os adultos mais jovens experimentam maior gravidade dos sintomas do que os adultos mais velhos. Quanto mais cedo os indivíduos desenvolvem esse quadro, mais tendem a ter comorbidades (outros transtornos mentais associados) e maiores são os prejuízos.

Os sintomas mais comuns são:

Sintomas Físicos:

  • Palpitação;
  • Tremores;
  • Sudorese;
  • Náuseas e diarreia;
  • Dor no peito, no estômago e na cabeça;
  • Formigamentos;
  • Agitação;
  • Falta de ar;
  • Tontura e desmaios;
  • Tensão muscular.

Sintomas Psicológicos

  • Irritabilidade;
  • Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;
  • Medo, sensação de que algo ruim está prestes a acontecer a qualquer momento;
  • Dificuldade de concentração e “brancos na memória”;
  • Fadiga;
  • Aumento ou redução de apetite;
  • Perturbação do sono (dificuldade em iniciar ou manter o sono ou sono não reparador).

Para o diagnóstico, esses sintomas devem estar ocorrendo na maioria dos dias há pelo menos seis meses. Esse critério temporal pode ser flexível a depender do julgamento do médico. 

Existe algum exame que confirma o diagnóstico de Ansiedade?

Não há marcador biológico que seja diagnóstico de Ansiedade. Isto é, não existe nenhum exame (de sangue ou de imagem) que identifique esse transtorno. A Ansiedade não pode ser diagnosticada como uma pneumonia, por exemplo, que pode ser vista por meio de um raio-x, ou como um diabetes, que pode ser detectado por meio de um exame de sangue.

Por isso, dizemos que o seu diagnóstico é clínico, ou seja, é realizado somente por meio de uma extensa e minuciosa entrevista psiquiátrica, como eu faço no meu consultório.

No entanto, o fato de não existir um exame que faça o diagnóstico desse transtorno, não significa que ele não seja uma doença, como de fato é. As pessoas que têm esse quadro possuem alterações orgânicas verdadeiras, que as pessoas que não têm não possuem. Contudo, com as informações e tecnologias que temos hoje, ainda não é possível utilizar essas alterações encontradas como uma forma de identificar esse transtorno.

Tratamento da Ansiedade

A Ansiedade não tratada afeta consideravelmente a qualidade de vida, prejudicando o desempenho nas atividades diárias. A maioria dos adultos com Ansiedade tem incapacidade de moderada a grave. Além disso, não tratar a Ansiedade pode acabar levando à Depressão. Grande parte dos pacientes que têm Depressão iniciaram o quadro com Ansiedade.

Assim como a causa da Ansiedade é multifatorial (envolve a interação entre vários fatores), o tratamento também inclui mais de uma estratégia.

Como vimos, a Ansiedade pode ser causada pela associação de uma série de fatores diferentes, podendo haver a predominância de algum deles. Portanto, o tratamento da Ansiedade nem sempre será o mesmo para todos.

É preciso, primeiramente, por meio de uma avaliação cuidadosa e abrangente -como a que eu realizo-, identificar quais fatores estão causando a Ansiedade em cada paciente de modo particular (por exemplo, enquanto para um paciente a causa da Ansiedade é exclusivamente genética, para outro, pode ser exclusivamente psicológica, e para outro pode ser a combinação desses fatores). Somente após a identificação correta da causa da Ansiedade (que varia de pessoa para pessoa), é que se pode escolher o tratamento mais adequado

Os principais pilares do tratamento são:

Medicação

A classe de medicação que trata a Ansiedade são os antidepressivos. Apesar de eles se chamarem antidepressivos, eles não tratam apenas a Depressão, mas diversos outros transtornos psiquiátricos. Existe uma ampla variedade de opções de antidepressivos e o psiquiatra é o médico capacitado para realizar essa prescrição. A escolha do antidepressivo mais adequado para cada paciente não deve ser aleatória. Por isso, para tomar essa decisão, eu me baseio em uma série de parâmetros importantes. Para saber mais sobre antidepressivos, clique aqui e leia o tópico “Como agem os antidepressivos”. 

Na minha consulta, em primeiro lugar, eu avalio se realmente há ou não a indicação de iniciar esse tipo de medicamento e, se sim, qual é o mais recomendado para cada paciente entre as várias opções disponíveis. Todo esse planejamento terapêutico é feito em conjunto com o meu paciente, de maneira compartilhada e não impositiva, avaliando todos os aspectos necessários a fim de chegarmos a um tratamento personalizado e que seja, de fato, a melhor opção para ele.

Psicoterapia

Como foi mencionado no tópico sobre as causas da Ansiedade, uma delas são os fatores psicológicos, como os “erros de pensamento”. Durante a minha consulta, eu ajudo o paciente a identificar esses fatores e encontrar os melhores meios de resolvê-los;

A psicoterapia consiste em identificar os objetos e as situações sobre os quais você se sente ansioso e, então, trabalhar o enfrentamento deles. Isso pode acontecer, por exemplo, com o paciente se dando conta de que aquilo que tanto temia existe somente na sua imaginação, ou é muito improvável de acontecer, ou não é tão perigoso quanto acreditava ou, adquirindo as ferramentas necessárias para vencer esses medos.

Estilo de vida saudável

Isso inclui, por exemplo, organização da rotina, prática de atividades físicas, sono adequado e alimentação saudável.

Ansiedade tem cura?

Esse é um transtorno que tende a ser crônico, com remissões (resolução parcial ou completa dos sintomas) e recidivas (retorno dos sintomas). Infelizmente, as taxas de remissão completa são muito baixas.

Para se conseguir uma remissão completa dos sintomas e reduzir a chance de ocorrência de recidivas, o tratamento deve ser baseado na causa certa da Ansiedade, que precisa ser corretamente estabelecida por meio de uma avaliação criteriosa.

Ansiedade e insegurança

Um dos aspectos da Ansiedade que são pouco abordados é a sua relação com a insegurança. Se você está inseguro em relação a alguma coisa, provavelmente isso fará com que você se sinta ansioso, e a melhora dessa ansiedade deve envolver a resolução da sua insegurança.

Por exemplo, se você trabalha exercendo uma atividade que você não domina, isso pode deixá-lo ansioso. Essa ansiedade irá melhorar ao aprender a desempenhar bem esse atividade e, assim, assegurar-se de estar fazendo um bom trabalho.

Outro exemplo são aquelas pessoas que possuem um grande desejo de controle e não lidam bem com nada que saia diferente do seu planejamento. No entanto, nós sabemos que não temos o controle absoluto da maioria das coisas. Logo, desejar o que não é possível inevitavelmente causará ansiedade. Nesse caso, a melhora da ansiedade está em tomar consciência de que não conseguimos controlar tudo e de que as coisas podem acontecer de modo diferente do que gostaríamos.

Durante a minha consulta, eu o ajudo a descobrir todos esses fatores para que, uma vez identificados, possamos encontrar a melhor forma de resolvê-los. Lembre-se, os tratamentos psiquiátricos não consistem apenas em tomar remédios, por isso, é necessária essa avaliação tão abrangente como eu faço, a fim de identificar todos os aspectos que possam estar envolvidos na causa dos sintomas e, assim, conseguir solucioná-los de verdade.

Síndrome do Pânico: o que é?

A Síndrome do Pânico se refere a ataques de pânico inesperados e recorrentes. Isto é, são ataques que ocorrem mais de uma vez e sem uma razão aparente (“começam do nada, sem motivo”). É comum que também ocorram ataques esperados, ou seja, causados por algum gatilho, como uma situação de estresse.

Além da ocorrência dos ataques de pânico, para o diagnóstico dessa condição, também é necessário que a pessoa se sinta constantemente preocupada sobre ter novos ataques de pânico ou sobre as consequências deles, como “medo de enlouquecer ou de perder o controle”, ou mude seu comportamento em função dos ataques, como deixar de sair ou de fazer certas atividades com receio de que os ataques de pânico aconteçam.

O que é um ataque de pânico?

Ansiedade, pânico

Um ataque de pânico é um surto repentino de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais dos seguintes sintomas:

  1. Palpitações, coração acelerado;
  2. Sudorese;
  3. Tremores;
  4. Sensações de falta de ar ou sufocamento;
  5. Sensações de asfixia;
  6. Dor ou desconforto no peito;
  7. Náusea ou desconforto abdominal;
  8. Sensação de tontura, desequilíbrio, vertigem ou desmaio;
  9. Calafrios ou ondas de calor;
  10. Sensações de formigamento;
  11. Desrealização (sensações de irrealidade, de estar vivendo num sonho) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo);
  12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”;
  13. Medo de morrer.

Características da Síndrome do Pânico

Esse transtorno geralmente começa por volta dos 20 anos de idade. As mulheres são duas vezes mais acometidas do que os homens.

A frequência e a gravidade dos ataques de pânico variam bastante de uma pessoa para outra. Enquanto alguns podem ter ataques diários, outros, podem ter um ataque por mês. O número e o tipo de sintomas pode variar na mesma pessoa de um ataque para outro, ou seja, os ataques não são todos iguais.

Além da preocupação acerca dos ataques de pânico, os portadores desse transtorno geralmente também se preocupam excessivamente com a sua saúde de modo geral, tendendo a pensar em quadros muito mais graves para sintomas leves, como acreditar que tenha um tumor cerebral quando sente uma dor de cabeça. Essas pessoas também costumam achar que não serão capazes de desempenhar suas tarefas e têm mais risco de recorrerem ao uso de drogas.

Os comportamentos adotados a fim de evitar a ocorrência dos ataques de pânico podem ser extremos, como ao ponto de não sair mais de casa.

É muito comum que os portadores desse quadro também tenham outros transtornos mentais, como outros Transtornos de Ansiedade (como Agorafobia), Depressão e Transtorno Bipolar.

A Síndrome do Pânico está associada a altos níveis de incapacidade social, profissional e física. Frequentemente, essas pessoas faltam ao trabalho/escola/faculdade por estarem passando mal, muitas vezes, precisando ir a serviços médicos de urgência.

A Síndrome do Pânico tem cura?

Caso não seja tratada, essa síndrome será crônica, com períodos de piora e de melhora. Algumas pessoas podem ter surtos por alguns períodos e passar anos sem sintomas; outras podem ter sintomas contínuos. Apenas uma minoria dos indivíduos têm remissão completa do quadro, sem novas recaídas.

Crise de ansiedade e ataque de pânico são a mesma coisa?

Ansiedade, pânico

Não existe formalmente uma definição para crise de ansiedade. De maneira geral, costuma-se chamar crise de ansiedade aqueles episódios que não preenchem todos os critérios para serem definidos como um ataque de pânico.

As crises de ansiedade podem cursar com os mesmos sintomas, mas geralmente esses sintomas tendem a ser menos intensos e durar por muito mais tempo do que um ataque de pânico (até horas).  

Ambos os quadros tanto podem surgir após um gatilho (uma situação de estresse, por exemplo) quanto podem surgir “do nada”, sem nenhuma causa aparente, o que denota maior gravidade do quadro.

O que fazer quando tenho uma crise de ansiedade ou um ataque de pânico?

Ansiedade, pânico

Há alguns exercícios e algumas medicações que o psiquiatra pode passar para o caso de ocorrerem esses episódios.

Um exemplo de exercício simples que pode ser feito é o da respiração. Ele consiste basicamente em controlar a sua respiração de modo a reduzir os sintomas físicos. Isso é feito inspirando o ar lentamente pelo nariz, segurando a respiração por alguns segundos após encher os pulmões e em seguida soltando o ar lentamente pela boca.

As medicações que podem ser usadas durante esses episódios são da classe dos ansiolíticos. Eles possuem uma rápida ação em reduzir a ansiedade. No entanto, elas não são essenciais nesses momentos e nem constituem o tratamento da Ansiedade e da Síndrome do Pânico, servindo apenas para um alívio imediato, o que significa que usá-las não irá impedir que novas crises e ataques ocorram.

Mais importante do que tomar medidas no momento em que a crise de ansiedade ou o ataque de pânico já estão ocorrendo é evitar que eles aconteçam. Isso deve ser feito por meio da realização de um tratamento adequado com um bom psiquiatra, que deve avaliar cada caso de modo específico para, assim, definir a melhor solução.

Causas e tratamento da Síndrome do Pânico

Ansiedade, pânico

As causas e o tratamento da Síndrome do Pânico são iguais aos do Transtorno de Ansiedade Generalizada, os quais foram descritos acima.

Dicas práticas para evitar e tratar a Ansiedade e a Síndrome do Pânico

Algumas recomendações gerais que podem auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento desses quadros são:

  • Prática regular de atividade física;
  • Técnicas de respiração e meditação;
  • Alimentação saudável;
  • Organização da rotina e definição de objetivos concretos e realizáveis;
  • Prática religiosa quando se tem uma religião;
  • Estabelecimento de vínculos sociais;
  • Inserção em atividades saudáveis que causem prazer e satisfação;
  • Evitar abuso de álcool e drogas;
  • Dormir adequadamente;
  • Aprender a racionalizar com os pensamentos ansiosos, perguntando-se se são realmente válidos e pensando em outras alternativas a eles;

Curiosidades

Outras condições que podem estar associadas ao estresse frequentemente acompanham a Ansiedade, como a Síndrome do Intestino Irritável e os vários tipos de cefaleia (dor de cabeça).

A Ansiedade afeta duas vezes mais as mulheres do que os homens.

A Ansiedade pode surgir em qualquer idade, mas tende a ser mais grave em adultos  jovens.

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Referências

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014; https://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf

https://www.paho.org/pt/brasil

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