Dra. Tamara Cardoso da Silva Nogueira

Depressão

A Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas e é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. É uma doença que pode interferir significativamente na vida cotidiana, afetando os relacionamentos interpessoais, o trabalho e o bem-estar emocional e físico. Neste artigo explico a Depressão de modo detalhado, abordando tópicos que normalmente não são tratados sobre ela.

Por que você deve se consultar comigo?

Sou Médica Psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade Federal de São João del-Rei e com Residência Médica em Psiquiatria pelo Ipsemg. Tenho experiência em tratar todos os Transtornos Mentais. 

Possuo um olhar integral aos meus pacientes porque acredito que somente dessa forma posso ajudá-los de verdade. Não trato apenas de sintomas físicos, mas de tudo o que diz respeito à pessoa humana e à sua realização verdadeira.

Exercer a Psiquiatria como eu faço vai muito além de identificar alterações orgânicas. Prezo por uma avaliação minuciosa e abrangente. Busco compreender todos os aspectos necessários para chegar a uma intervenção individualizada, que realmente tornará a vida dos meus pacientes muito melhor do que antes.

Psiquiatra

Qual é a diferença entre uma tristeza normal e a Depressão?

Essa diferença está principalmente na intensidade, duração e repercussão desse sintoma. Isto é, se essa tristeza está intensa demais, demorando muito tempo para melhorar e causando grande incômodo e prejuízos (como faltas ao trabalho), deve-se procurar um psiquiatra para avaliar se esse quadro se trata de Depressão.

É importante ressaltar que as emoções, o que inclui a  tristeza, são reações naturais e espontâneas do nosso corpo a algum acontecimento ou mesmo pensamento, e podem servir para nos guiar de algum modo em relação a eles.

Se você, por exemplo, se entristece ao perder uma pessoa querida, isso é compreensível e o ajuda a valorizar a presença daqueles que você ama. Imagine o quão estranho seria não se entristecer nessa situação e como isso poderia torná-lo alguém “frio”, indiferente, que não se conecta com as pessoas ao seu redor.

Portanto, não é possível nem desejável que eliminemos por completo as nossas emoções. O que faço no meu consultório é avaliar se essas emoções estão adequadas ao que as está causando, e, assim, se precisam ou não de intervenção, a fim de aliviar o sofrimento e o prejuízo eventualmente ocasionados por elas. Sem fazer de você alguém apático, distante da realidade e incapaz de vivenciar as emoções naturais da vida de modo saudável.

Causas da Depressão

É comum atribuirmos como causa de Depressão alguma circunstância adversa pela qual alguém esteja passando. Ouve-se dizer: “fulano está assim porque sua mãe morreu; ele está desse jeito porque perdeu o emprego; ela ficou assim porque o filho adoeceu”.

Mas você já parou para pensar que se acontecimentos ruins fossem a causa de Depressão, então, todos os que passam por eles deveriam ter Depressão? Mas nós vemos que não é isso o que acontece! Provavelmente você conhece pessoas que enfrentaram grandes dificuldades e algumas delas ficaram, de fato, deprimidas, enquanto outras, não. O que significa que esse fator isolado não é suficiente para causar a doença.  

Isso se deve ao fato de que a Depressão geralmente não é causada por um único fator, mas diversos fatores, que se combinam para deflagrar esse quadro. Aqui estão eles:

Fatores Genéticos

Você pode já nascer com genes que o tornam mais vulnerável a ter a doença. E essa é uma predisposição sobre a qual não temos controle; nascemos ou não com ela. Como a nossa genética é hereditária, ter algum familiar, principalmente de 1º grau, com Depressão, aumenta a chance de tê-la também. 

Quanto maior for a sua vulnerabilidade genética ao desenvolvimento dessa doença, menos você precisa da existência dos outros fatores para desenvolvê-la. É o que acontece quando o paciente afirma “não ter nenhum motivo para estar assim”. Nesse caso, provavelmente a causa da sua Depressão é principalmente, ou unicamente, genética, ou seja, genes “doentes” estão causando alterações no seu corpo, as quais se manifestam como sintomas de Depressão, sem que haja nenhuma razão externa para que a pessoa se sinta assim (não está passando por nenhum grande problema no momento).

Isso pode explicar, por exemplo, por que uma pessoa fica deprimida mesmo tendo uma vida que considera muito boa, enquanto outra não fica deprimida mesmo enfrentando uma série de dificuldades. A razão pode ser que a primeira pessoa tenha uma predisposição genética para Depressão muito maior do que a segunda.

Além disso, esses fatores genéticos são compartilhados com a Ansiedade, ou seja, quem é geneticamente mais suscetível à Ansiedade, também o é à Depressão e vice-versa.

Fatores Ambientais

Eles compreendem as adversidades da vida. Estar passando por problemas, dificuldades, traumas, frustrações, desafios, torna as pessoas mais propensas à Depressão. Você já deve ter pensado que se estivesse no lugar de alguém que está deprimido (vivendo a sua vida), você também estaria deprimido.

No entanto, como já dito, isso não é suficiente para se ter Depressão, pois se fosse, todos os que passam por problemas teriam a doença, o que não acontece, porque para que a Depressão ocorra outros fatores são necessários.

Há muitas pessoas que ao enfrentarem grandes dificuldades, tornam-se ainda melhores e mais fortes do que antes, enquanto outras, desenvolvem Depressão (muitas vezes até mesmo sem estar enfrentando grandes problemas). A explicação para isso pode estar no fator genético, sobre o qual já falamos, mas também pode se dever aos fatores psicológicos, nosso próximo tópico.

Fatores Psicológicos

Além de os problemas em si serem um fator de risco para a Depressão, o modo como os enxergamos e lidamos com eles também pode ser. Por exemplo, pode-se estar deprimido por não se conseguir vislumbrar a solução de um problema -apesar de ela existir- ou até mesmo por imaginar como problema algo que na verdade não é. Desse modo, padrões de pensamento, mentalidades, visões de mundo e crenças, podem contribuir para que alguém se sinta deprimido. 

Essa pode ser uma outra explicação para o fato de alguém, mesmo passando por grandes dificuldades, não ficar deprimido. Essa pessoa pode ter a habilidade de enxergar os problemas de um modo mais otimista. E esse modo pode ser aprendido. Portanto, se você não tem essa habilidade, você pode adquiri-la. É o que eu ajudo os meus pacientes a conquistarem.

Medicações

Alguns remédios, pelo seu mecanismo de ação, podem levar a um quadro que chamamos de Depressão Secundária, ou seja, trata-se de uma Depressão induzida por uma substância. Alguns exemplos são a isotretinoína oral (usada para tratar Acne) e os anticoncepcionais (usados por motivos diversos: evitar gravidez, regular a menstruação, tratar ovários policísticos e endometriose). Nesses casos, é necessário avaliar os riscos e os benefícios da manutenção dessas medicações.

Condições Médicas

Existem algumas doenças também capazes de causar  a Depressão Secundária. Algumas delas são: hipotireodismo, anemias, lúpus, deficiências vitamínicas. Nesses casos, a Depressão é resolvida com o tratamento dessas doenças.

Alimentação

Nosso cérebro precisa estar “bem alimentado”, uma vez que a alimentação exerce um papel crucial na regulação da saúde mental. Um exemplo disso é o consumo elevado de carboidratos refinados (como doces) que pode contribuir para o surgimento ou piora da Depressão.

Hábitos

Assim como hábitos de vida saudáveis ajudam a evitar doenças, hábitos de vida ruins aumentam o risco de desenvolvê-las. Entre estes estão o sedentarismo e uma má rotina de sono, por exemplo.

Abuso ou abstinência de substâncias

Substâncias como álcool, cocaína e maconha, também podem induzir um quadro de Depressão Secundária, tanto durante o uso abusivo quanto durante a abstinência delas. 

Sintomas da Depressão

Depressão

Nem todas as pessoas com Depressão apresentam exatamente os mesmos sintomas. Cada um pode experimentar a doença de modo diferente. O que ressalta ainda mais a importância da avaliação de um bom psiquiatra para realizar um diagnóstico preciso e correto.

Os principais sintomas são:

  • Tristeza intensa e persistente;
  • Sentimento de vazio;
  • Perda de interesse em atividades antes consideradas prazerosas;
  • Perda ou aumento do apetite, resultando em perda ou ganho de peso;
  • Aumento ou redução do sono;
  • Cansaço excessivo, mesmo após o descanso;
  • Sentimento desproporcional de culpa excessiva ou de inutilidade;
  • Dificuldade de se concentrar e de tomar decisões;
  • Esquecimento;
  • Estar mais lento ou mais agitado;
  • Apatia, indiferença;
  • Desesperança, incapacidade de ver uma saída para o sofrimento;
  • Redução da libido;
  • Sentimentos de medo, insegurança, desamparo;
  • Interpretação negativa da realidade;
  • Ansiedade e irritabilidade; 
  • Pensamentos de morte.

Para o diagnóstico, esses sintomas devem estar presentes na maioria dos dias e na maior parte do tempo por pelo menos duas semanas, além de causar sofrimento e algum tipo de prejuízo, seja pessoal, social, familiar, laboral, financeiro.

Gravidade da Depressão

O que define a gravidade de um episódio depressivo é o quanto ele afeta a sua funcionalidade. 

Os quadros leves são aqueles em que ainda se consegue realizar as suas atividades, mesmo que com alguma dificuldade. 

Nos quadros graves, o indivíduo já não consegue mais manter a sua rotina e cumprir as suas obrigações normalmente. 

Já o episódio moderado é aquele em que não se chegou ao extremo de não conseguir mais realizar as atividades de antes, mas já há uma dificuldade muito maior para cumpri-las, demandando muito mais esforço e causando algum tipo de prejuízo.

Existe algum exame que confirma o diagnóstico de Depressão?

Não há marcador biológico que seja diagnóstico de Depressão. Isto é, não existe nenhum exame (de sangue ou de imagem) que identifique esse transtorno. A Depressão não pode ser diagnosticada como uma pneumonia, por exemplo, que pode ser vista por meio de um raio-x, ou como um diabetes, que pode ser detectado por meio de um exame de sangue.

Por isso, dizemos que o seu diagnóstico é clínico, ou seja, é realizado somente por meio de uma extensa e minuciosa entrevista psiquiátrica, como eu faço no meu consultório.

No entanto, o fato de não existir um exame que faça o diagnóstico desse transtorno, não significa que ele não seja uma doença, como de fato é. As pessoas que têm esse quadro possuem alterações orgânicas verdadeiras, que as pessoas que não têm não possuem. Contudo, com as informações e tecnologias que temos hoje, ainda não é possível utilizar essas alterações encontradas como uma forma de identificar esse transtorno.

Depressão e sua relação com outras doenças

A Depressão envolve uma série de alterações orgânicas que tornam o corpo mais suscetível ao desenvolvimento ou agravamento de diversas outras doenças, como:

  • Diabetes;
  • Hipertensão;
  • Infarto;
  • AVC;
  • Demência;
  • Dor crônica;
  • Doenças gastrintestinais;
  • Osteoporose;
  • Infecções;
  • Doenças autoimunes como o Lúpus;

Portanto, tratar a Depressão é importante tanto pela sua própria resolução quanto para evitar o aparecimento ou a piora de outras doenças.

Tratamento da Depressão

Assim como a causa da Depressão é multifatorial (envolve a interação entre vários fatores), o tratamento também inclui mais de uma estratégia.

Como vimos, a Depressão pode ser causada pela associação de uma série de fatores diferentes, podendo haver a predominância de algum deles. Portanto, o tratamento da Depressão nem sempre será o mesmo para todos.

É preciso, primeiramente, por meio de uma avaliação cuidadosa e abrangente, como a que eu realizo, identificar quais fatores estão causando a Depressão em cada paciente de modo particular (por exemplo, enquanto para um paciente a causa da Depressão pode ser exclusivamente genética, para outro, pode ser uma combinação de fatores, como o genético e o ambiental).

Somente após a identificação correta da causa da Depressão (que varia de pessoa para pessoa), é que se pode escolher o tratamento mais adequado.  

Os principais pilares do tratamento são:

Medicação

O tipo de medicamento que trata a Depressão são os antidepressivos. Existe uma ampla variedade de opções de antidepressivos e o psiquiatra é o médico capacitado para realizar essa prescrição. A escolha do antidepressivo mais adequado para cada paciente não deve ser aleatória. Por isso, para tomar essa decisão, eu me baseio em uma série de parâmetros importantes. 

Na minha consulta, em primeiro lugar, eu avalio se realmente há ou não a indicação de iniciar esse tipo de medicamento e, se sim, qual é o mais recomendado para cada paciente entre as várias opções disponíveis. Todo esse planejamento terapêutico é feito em conjunto com o meu paciente, de maneira compartilhada e não impositiva, avaliando todos os aspectos necessários a fim de chegarmos a um tratamento personalizado e que seja, de fato, a melhor opção para ele.

Psicoterapia

Como foi mencionado no tópico sobre as causas da Depressão, uma delas são os fatores psicológicos. São exatamente eles que devem ser abordados e tratados na psicoterapia. Durante a minha consulta, eu ajudo o paciente a identificar esses fatores e encontrar os melhores meios de resolvê-los.

Estilo de vida saudável

Isso inclui, por exemplo, organização da rotina, prática de atividades físicas, sono adequado e alimentação saudável.

Como agem os antidepressivos

Eles agem aumentando a disponibilidade de alguns neurotransmissores no cérebro, principalmente a serotonina e a noradrenalina, cuja deficiência está associada ao quadro de Depressão. 

Qual antidepressivo escolher?

Existem diversas classes de antidepressivos. O psiquiatra é o médico habilitado a escolher qual é a melhor opção para você. Essa escolha não deve ser arbitrária (baseada na vontade do médico), e sim seguir determinados parâmetros.

Durante a minha consulta, eu analiso e explico ao paciente detalhadamente sobre as melhores alternativas para o seu caso em particular, esclarecendo como essa avaliação é feita e quais fatores são levados em conta. A partir disso, tomamos uma decisão compartilhada, com foco no que o paciente deseja e em sua melhora completa.

Alguns parâmetros que levo em consideração nessa escolha são, por exemplo, o uso anterior de algum antidepressivo, a tolerância e a resposta a ele, o perfil de efeitos colaterais de cada antidepressivo e sua relação com os sintomas do paciente e com o que ele deseja.

Efeitos colaterais dos antidepressivos

É comum e compreensível que os pacientes se preocupem com os efeitos colaterais dos antidepressivos. Os efeitos colaterais de uma medicação são algo que pode acontecer e não algo que vai acontecer sempre.

Nem todos os pacientes que tomam antidepressivos têm efeitos colaterais. Muitos pacientes não apresentam nenhum efeito colateral com essas medicações. Não é possível prever se alguém terá ou não um efeito colateral e qual será ele, mas é possível avaliar alguns fatores que favorecem ou não a ocorrência deles, como faço durante a minha consulta, a fim de reduzir o risco de esses efeitos acontecerem, ou, pelo menos, minimizá-los.

Quando ocorrem efeitos colaterais, nós temos algumas alternativas a escolher. Caso sejam toleráveis, podemos aguardar para avaliar se irão melhorar ou desaparecer (o que pode acontecer com o tempo). Se permanecerem, podemos avaliar se os benefícios da medicação são maiores que os efeitos colaterais, pois muitas vezes o paciente prefere conviver com algum efeito colateral leve, já que considera que os ganhos com a medicação são muito maiores e compensam o seu uso. Por último, podemos trocar a medicação a fim de encontrar outra opção que não cause efeito colateral ou para a qual esses efeitos sejam mínimos e os benefícios muito maiores.

Antidepressivo e mal-estar

Os efeitos colaterais mais comuns são sintomas de mal-estar geral que podem ocorrer nos primeiros dias do uso, como dor de cabeça e enjôo, que são os mais frequentes. Nem sempre eles ocorrem e eu utilizo algumas estratégias para evitá-los. Quando eles acontecem, em geral, são leves e toleráveis (não são graves ou incapacitantes) e são transitórios, passando por completo dentro de alguns dias de modo espontâneo, sem que seja preciso fazer nada. 

Antidepressivo e libido

Outro efeito colateral frequente e bem conhecido dos antidepressivos é a redução de libido. Nem todo mundo que toma um antidepressivo terá esse efeito colateral, mas muitas pessoas podem ter. Quando ele acontece, é possível que melhore depois de algum tempo. Caso não haja melhora, o que faço é avaliar a troca do antidepressivo para tentar encontrar um que não cause esse efeito (há alguns que causam mais e outros que causam menos). Outra alternativa é associar uma medicação que “neutraliza” esse efeito colateral.

É importante ressaltar que o antidepressivo apesar de poder causar esse efeito colateral, muitas vezes leva à sua melhora! Sim, porque frequentemente o paciente que está com Depressão já tem a libido reduzida pela própria doença (mesmo antes de começar a tomar o remédio), e, quando a medicação começa a agir e promover a melhora da Depressão, a libido também melhora como consequência! 

Antidepressivo engorda?

De um modo geral, os antidepressivos não engordam por si mesmos. O que acontece é que eles podem levar a um aumento do apetite e, nesse caso, somente se o paciente passar a comer mais em decorrência disso, ele pode engordar. Portanto, mesmo que haja um aumento do apetite, é possível que se consiga controlá-lo e não engordar.

Contudo, não é comum que os antidepressivos causem esse aumento de apetite; a maioria não causa. Alguns podem causar, inclusive, a redução do apetite. E mesmo quando há essa alteração do apetite, para mais ou para menos, ela tende a ser transitória, com o apetite voltando ao seu habitual depois de algum tempo.

Se mesmo assim, o paciente tiver ganho de peso com um antidepressivo, nós podemos avaliar a sua troca para encontrar uma opção que não lhe cause esse efeito colateral.

O antidepressivo vai me deixar lesado e grogue?

Não! Eu sempre explico aos meus pacientes que a minha intenção ao lhe prescrever uma medicação, quando indicada, é melhorar a sua vida, não piorá-la! Não faria nenhum sentido passar um medicamento que o deixaria lesado e grogue, incapaz de desempenhar as suas atividades diárias.

Quando eu prescrevo um antidepressivo é para que o paciente se sinta melhor e seja capaz de cumprir os seus deveres com alegria e disposição. 

Se o objetivo do antidepressivo é tratar a Depressão, o que se espera dele é que o deixe mais animado, mais bem humorado, mais feliz, e não que o deixe lesado! 

Não é comum que um antidepressivo cause sonolência. Em geral, quando isso ocorre, é um efeito leve e transitório. Mas caso seja um efeito intenso ou persistente  (o que é muito raro), nós faremos a troca da medicação. Pois, como eu disse, o objetivo é que você melhore, sinta-se bem e satisfeito, e não que fique pior ou continue como estava.

Antidepressivo vicia? E eu terei que tomá-lo para sempre?

Os antidepressivos não possuem o potencial para causar dependência, portanto, eles não viciam. 

É muito comum que o paciente pare de tomar um antidepressivo e sinta muito mal-estar, o que o leva a achar que isso acontece porque estava viciado no remédio, mas não é verdade. O mal-estar ocorre devido à suspensão abrupta da medicação, que, pelo seu mecanismo de ação, deve ser reduzida gradualmente até à suspensão e somente quando indicado por um psiquiatra. Quando esse processo é feito de modo correto e bem orientado, como eu faço, o paciente não sente nenhum mal-estar ao suspender a medicação. 

Outro fator que leva os pacientes a acharem que o antidepressivo vicia é quando param de tomar e voltam a sentir os mesmos sintomas de antes. Mas isso não significa que estavam viciados no remédio! Isso acontece quando o paciente ainda precisa do remédio para tratar o seu quadro. 

Pense, por exemplo, quando alguém que tem hipertensão para de tomar o anti-hipertensivo e a pressão volta a subir; isso acontece porque ele estava viciado no remédio para a pressão alta? Não, isso ocorre porque ele deixou de tomar o remédio que estava tratando a sua doença, e sem ele, a doença voltou a se manifestar. 

Isso não significa que se terá de tomar o antidepressivo para sempre; essa avaliação somente o psiquiatra pode realizar, sendo possível tanto o uso por um tempo limitado quanto o uso por tempo indeterminado. E se este último for o seu caso, não se preocupe! Os antidepressivos são completamente seguros para serem usados pelo tempo que for necessário. Além disso, pense que é melhor que exista a medicação que trata a sua doença e o deixa bem do que se ela não existisse e você fosse obrigado a conviver com todo o sofrimento e limitações que ela causa.

Depressão sempre precisa de remédio?

Depressão, antidepressivo

Nem sempre. Como já mencionado, o tratamento da Depressão depende da sua causa, que deve ser corretamente identificada por um bom psiquiatra.

Se a causa da Depressão for predominantemente um fator psicológico, o tratamento poderá ser somente a psicoterapia dependendo da gravidade do quadro. Se a causa da Depressão for uma outra doença, o tratamento será a resolução dessa doença específica, não o remédio para a Depressão. Se a causa da Depressão for uma medicação, o tratamento será avaliar a suspensão ou redução dessa medicação. Se a causa da Depressão compreender um fator ambiental, isto é, um problema específico pelo qual a pessoa esteja passando, o tratamento deve envolver a resolução ou o manejo desse problema de alguma forma.

No entanto, há casos em que o antidepressivo é essencial. Por exemplo, em episódios graves de Depressão e quando não há nenhum outro fator além do genético associado à sua causa, como um fator psicológico ou ambiental.

Portanto, fique atento se um psiquiatra acredita que toda Depressão é tratada somente com antidepressivo e tudo o que ele faz é apenas lhe prescrever um. Esteja alerta para o psiquiatra que trata todos os quadros de Depressão do mesmo modo, sem individualizar o tratamento para cada paciente.

No meu consultório, eu realizo uma análise extensa e minuciosa a fim de, junto com o paciente, identificar a melhor estratégia de tratamento para o seu caso particular.

Quanto tempo dura a Depressão?

Depressão, antidepressivo

O período de duração da Depressão pode variar desde semanas a anos, não há como prever. Quanto mais grave é um episódio depressivo, mais tempo ele tende a durar. O diagnóstico e tratamento precoces e adequados podem reduzir essa duração. 

Depressão tem cura?

A Depressão tende a ser uma doença recorrente, ou seja, as pessoas acometidas por ela podem apresentar vários episódios ao longo da vida. Sabe-se que quanto mais episódios de Depressão se teve, maior o risco de se ter outros. Quando se tem, por exemplo, o terceiro episódio de Depressão, a chance de ter outros episódios posteriormente é maior do que quando se teve um único episódio na vida. 

É possível que cada episódio seja tratado de modo eficaz e se alcance uma remissão total dos sintomas. No entanto, o risco de ocorrer um novo episódio, mesmo quando se está completamente bem, sempre existe e não há como prever se acontecerá ou não. 

Contudo, além da possibilidade de se conseguir a melhora total dos sintomas de um episódio de Depressão, também é possível reduzir a chance de um novo episódio acontecer. Para isso, o tratamento deve ser baseado na causa certa da Depressão, que precisa ser corretamente estabelecida por meio de uma avaliação criteriosa.

Dicas práticas para evitar e tratar a Depressão

Algumas recomendações gerais que podem auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento da Depressão são:

  • Prática regular de atividade física;
  • Alimentação saudável, sem a ingesta excessiva de carboidratos refinados como os doces;
  • Organização da rotina e definição de objetivos concretos e realizáveis;
  • Prática religiosa quando se tem uma religião;
  • Estabelecimento de vínculos sociais;
  • Inserção em atividades saudáveis que causem prazer e satisfação;
  • Ser e sentir-se útil;
  • Evitar abuso de álcool e drogas;
  • Dormir adequadamente;
  • Encontrar o sentido da sua vida.

Depressão, tratamento antidepressivo

Curiosidades

As mulheres são mais afetadas pela Depressão do que os homens. 

O Brasil é o país com a maior prevalência de Depressão na América Latina.

Existe uma forma de Depressão que possui relação com as estações do ano e se manifesta mais comumente no inverno, quando há menor exposição à luz solar (Depressão Sazonal).

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