Dra. Tamara Cardoso da Silva Nogueira

TDAH, déficit de atenção

Atualmente tem aumentado muito a procura pelo psiquiatra para avaliação do diagnóstico de TDAH. No entanto, a maioria dessas pessoas que acreditam ter TDAH, na verdade, não tem ou o TDAH não é a única causa para os seus sintomas. Vamos descobrir o porquê e entender tudo sobre TDAH neste artigo.

Por que você deve se consultar comigo?

Sou Médica Psiquiatra, formada em Medicina pela Universidade Federal de São João del-Rei e com Residência Médica em Psiquiatria pelo Ipsemg. Tenho experiência em tratar todos os Transtornos Mentais. 

Possuo um olhar integral aos meus pacientes porque acredito que somente dessa forma posso ajudá-los de verdade. Não trato apenas de sintomas físicos, mas de tudo o que diz respeito à pessoa humana e à sua realização verdadeira.

Exercer a Psiquiatria como eu faço vai muito além de identificar alterações orgânicas. Prezo por uma avaliação minuciosa e abrangente. Busco compreender todos os aspectos necessários para chegar a uma intervenção individualizada, que realmente tornará a vida dos meus pacientes muito melhor do que antes.

 O que é TDAH?

Essa é uma sigla que significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O TDAH é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, é uma condição que se origina durante o desenvolvimento do cérebro e afeta o comportamento, a cognição e o funcionamento diário.

Outros exemplos de transtornos do neurodesenvolvimento são o Transtorno do Espectro Autista, a Deficiência Intelectual e os Transtornos Específicos da Aprendizagem (como a Dislexia) e é comum ter mais de um desses transtornos.

Por ser um transtorno do neurodesenvolvimento, ele se manifesta cedo, em geral, antes de a criança entrar na escola. Desse modo, é obrigatório para o diagnóstico que os sintomas tenham se iniciado ainda na infância, especificamente antes dos 12 anos segundo o DSM-V (Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais). Uma idade menor de início só não é exigida devido à dificuldade para se lembrar detalhadamente dos sintomas em idades mais precoces. 

É comum que os pais observem uma atividade motora excessiva tão logo a criança comece a andar, mas é difícil distinguir, nessa fase, os sintomas do transtorno de um comportamento normal, o qual pode variar muito antes dos quatro anos de idade. 

Na pré-escola, a principal manifestação é a hiperatividade, já que nessa fase a criança não precisa tanto de foco e atenção para as suas atividades. À medida que ela cresce e as suas demandas vão aumentando (começa a se exigir mais dela), a desatenção passa a lhe causar mais prejuízo. Por isso, apesar de se manifestar cedo, o TDAH, geralmente, torna-se mais evidente nos anos do ensino fundamental.

Tipos e sintomas de TDAH

A característica essencial do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. 

Existem três formas de TDAH:

  • Apresentação predominantemente desatenta: quando predominam os sintomas de desatenção;
  • Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: quando predominam os sintomas de hiperatividade/impulsividade;
  • Apresentação combinada: quando há sintomas significativos tanto de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade.

Os principais sintomas incluem:

Desatenção

  • Dificuldade em prestar atenção a detalhes;
  • Frequentemente cometer erros por desatenção;
  • Parecer não ouvir mesmo quando falado diretamente;
  • Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas;
  • Desorganização e perda frequente de objetos;
  • Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;
  • Falta de persistência;
  • Frequentemente evitar, não gostar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado;
  • Demorar mais do que os outros para realizar as mesmas tarefas;

É a presença desses sintomas que faz os pacientes portadores do tipo desatento de TDAH serem geralmente vistos como “lerdos”, “aéreos”, “desastrados”, “sempre no mundo da lua”.

TDAH, déficit de atenção

Hiperatividade e Impulsividade

  • Agitação ou inquietação em situações em que se espera que se permaneça quieto, como em reuniões e aulas;
  • Falar excessivamente;
  • Dificuldade em esperar a sua vez (como responder a uma pergunta antes que ela termine de ser feita);
  • Interrupção frequente de conversas ou atividades (como se intrometer em conversas ou tarefas para as quais não foi chamado);
  • Tomar decisões precipitadas sem considerar as consequências, com elevado potencial de causar dano para si;

TDAH, déficit de atenção, hiperatividade

A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou da incapacidade de adiar a gratificação. Ou seja, o indivíduo não consegue “pensar a longo prazo”; ele tem, por exemplo, dificuldade de dizer não ao chocolate porque o benefício de comê-lo é imediato, o prazer, já o benefício de deixar de comê-lo não será experimentado naquele mesmo momento, apenas com o tempo.

Crianças com predominância de hiperatividade possivelmente são encaminhadas para tratamento antes daquelas que têm déficit de atenção como sintoma principal. O que, provavelmente, se deve ao fato de que a hiperatividade é mais evidente e pode incomodar mais os adultos.

Pessoas do sexo feminino possuem mais a apresentação desatenta do que as do sexo masculino.

Para o diagnóstico, é necessário que as manifestações do transtorno estejam presentes em mais de um ambiente (por exemplo, em casa e na escola ou no trabalho). Para isso, é importante entrevistar pessoas que tenham visto o indivíduo em todos esses lugares.

Quando estamos investigando o diagnóstico de TDAH em um adulto, é importante conversar com os seus pais ou pessoas que o conheceram quando criança, já que as informações dos adultos acerca da sua própria infância pode não ser confiável -dada a dificuldade de lembrança- e é obrigatório que os sintomas tenham se iniciado na infância, logo, essa é uma informação essencial. 

Desse modo, para um diagnóstico preciso e confiável de TDAH, é importante consultar não apenas o paciente, mas outras pessoas que convivam com ele nos diferentes meios que frequenta e pessoas que o conheceram na infância. 

É importante  ressaltar que os sintomas do TDAH podem variar a depender da situação. Esses sintomas podem tornar-se mínimos ou até ausentes quando o indivíduo é recompensado por um comportamento apropriado (por exemplo, a criança que consegue ficar quieta porque sabe que assim ganhará algo que quer); quando se está sob supervisão (por exemplo, a pessoa que consegue se concentrar no trabalho quando está perto do chefe); quando se está em uma situação nova ou  envolvido em atividades que considera muito interessantes; recebendo estímulos externos consistentes (como em jogos eletrônicos ou desenhos animados) ou quando se está interagindo em situações individualizadas (como diante de um médico no consultório).

Portanto, se uma pessoa consegue se concentrar ou ficar quieta em determinadas situações, não significa que ela não possa ter TDAH. 

Existe algum exame que confirma o diagnóstico de TDAH?

Não há marcador biológico que seja diagnóstico de TDAH. Isto é, não existe nenhum exame (de sangue ou de imagem) que identifique esse transtorno. O TDAH não pode ser diagnosticado como uma pneumonia, por exemplo, que pode ser vista por meio de um raio-x, ou como um diabetes, que pode ser detectado por meio de um exame de sangue.

Por isso, dizemos que o seu diagnóstico é clínico, ou seja, é realizado somente por meio de uma extensa e minuciosa entrevista psiquiátrica, como eu faço no meu consultório.

No entanto, o fato de não existir um exame que faça o diagnóstico desse transtorno, não significa que ele não seja uma doença, como de fato é. As pessoas que têm esse quadro possuem alterações orgânicas verdadeiras, que as pessoas que não têm não possuem. Contudo, com as informações e tecnologias que temos hoje, ainda não é possível utilizar essas alterações encontradas como uma forma de identificar esse transtorno. 

TDAH e os seus prejuízos 

TDAH, déficit de atenção

No início da vida adulta, o TDAH está associado a um maior risco de tentativa de suicídio, sobretudo quando ocorre junto com transtornos do humor (como a Depressão), da conduta ou por uso de substância.

O TDAH está associado a desempenho escolar e acadêmico reduzidos, rejeição social e, nos adultos, a pior desempenho na profissão, com maior chance de desemprego, além de constantes conflitos interpessoais. 

Crianças com TDAH apresentam uma probabilidade significativamente maior do que seus pares para desenvolver transtorno da conduta na adolescência e transtorno da personalidade antissocial (psicopatia) na idade adulta, aumentando, assim, a probabilidade de transtornos por uso de substâncias e prisão. 

Indivíduos com TDAH têm maior risco de sofrerem lesões e de se envolverem em acidentes e infrações de trânsito se comparados com quem não possui o transtorno.

Pode haver probabilidade aumentada de obesidade entre indivíduos com TDAH. 

A dificuldade de se engajar em atividades que exigem mais esforço mental frequentemente é interpretada pelos outros como preguiça ou irresponsabilidade. 

Os relacionamentos costumam ser conturbados devido à rejeição ou provocações em relação ao indivíduo com TDAH. Geralmente, aqueles com mais sintomas de desatenção tendem a ser negligenciados e ter mais dificuldade escolar, enquanto os que possuem predominantemente sintomas de hiperatividade/impulsividade tendem a ser mais rejeitados e se envolver em acidentes. 

Em média, pessoas com o transtorno alcançam escolaridade menor, menos sucesso profissional e escores intelectuais reduzidos na comparação com seus pares.

Em sua forma grave, o transtorno é extremamente prejudicial, afetando a adaptação social, familiar e escolar/profissional. É muito comum que os pacientes ao receberem esse diagnóstico apenas depois de adultos, questionem-se o quão mais longe poderiam ter chegado se soubessem e tivessem começado a tratar antes. Provavelmente, teriam chegado muito mais longe.

Por isso, se você acha que pode ter esse transtorno, não adie a procura por ajuda especializada. Ela pode transformar a sua vida para muito melhor. Meus pacientes costumam dizer que o tratamento do TDAH foi uma das melhores coisas que já lhe aconteceram e que são uma pessoa antes e depois dele, conseguindo viver com muito mais qualidade e satisfação.

TDAH e sua relação com outros transtornos mentais

A maioria dos pacientes com TDAH (cerca de 70%) possui também o diagnóstico de pelo menos mais um outro transtorno mental, sendo os mais comuns os transtornos de ansiedade, do humor, da conduta e por uso de substâncias. 

Tanto a Depressão quanto a Ansiedade podem causar sintomas iguais aos do TDAH, como dificuldade de concentração e esquecimento, ou agravá-los quando já se tem o transtorno. Por outro lado, o TDAH também pode causar Depressão e Ansiedade, uma vez que as dificuldades e prejuízos que ele acarreta podem fazer com que o indivíduo se sinta intensa e constantemente triste e ansioso.

Logo, tanto a Depressão e a Ansiedade podem causar sintomas idênticos aos do TDAH ou piorá-lo, quanto o TDAH pode causar ou piorar a Depressão e a Ansiedade.

Como a Depressão e a Ansiedade são muito mais prevalentes que o TDAH (com suas prevalências tendo aumentado ainda mais após a pandemia do COVID-19), quando alguém chega ao consultório com a queixa de que acredita ter TDAH, é mais provável que tenha um desses outros dois diagnósticos ou, ainda, que tenha TDAH associado à Depressão e/ou à Ansiedade, com cada um dos quadros levando à piora do outro.

Por esse motivo, na investigação do diagnóstico de TDAH, é essencial avaliar se os quadros de Depressão e Ansiedade estão presentes e causando sintomas de TDAH sem que se tenha de fato o transtorno, ou se eles estão presentes junto com o TDAH, ocasionado a sua piora . 

O que torna essa distinção ainda mais importante é o fato de que algumas medicações para o tratamento do TDAH podem levar à piora dos sintomas depressivos e ansiosos. Desse modo, se os sintomas que parecem ser TDAH forem, na verdade, causados por Depressão ou Ansiedade, mas se fizer o diagnóstico errado de TDAH, o tratamento, nesse caso, irá piorar os sintomas em vez de melhorar.

Sendo assim, é necessária muita cautela para não se confundirem esses diagnósticos! É preciso entender quais transtornos realmente existem, a relação entre eles e a melhor forma de tratar cada um. Apenas desse modo é possível realizar um tratamento, de fato, eficaz, sem causar prejuízos ao paciente. É isso o que faço no meu consultório.

TDAH e hiperfoco

TDAH, déficit de atenção, hiperfoco

O hiperfoco é um fenômeno associado ao TDAH, caracterizado por uma concentração intensa e prolongada em uma tarefa específica, ao ponto de ignorar completamente o ambiente ao redor. Embora possa parecer paradoxal, dado que o TDAH é geralmente associado à distração, o hiperfoco representa uma dimensão distinta do transtorno.

Estudos indicam que o hiperfoco é mais prevalente em indivíduos com altos níveis de sintomas de TDAH e pode ocorrer em várias situações, especialmente aquelas que são mais motivadoras ou recompensadoras.

O hiperfoco pode ser tanto benéfico quanto prejudicial. Por um lado, pode levar a uma produtividade elevada em tarefas específicas; por outro, pode resultar em negligência de outras responsabilidades e dificuldade em mudar o foco de atenção quando necessário.

TDAH tem cura?

Como vimos, o TDAH necessariamente começa na infância, mas, em geral, persiste na vida adulta.

O transtorno fica relativamente estável nos anos iniciais da adolescência, mas alguns indivíduos têm piora do quadro à medida que ficam mais velhos, enquanto outros melhoram ou apresentam até mesmo uma remissão total dos sintomas. 

O modo como o transtorno irá cursar ao longo da vida é, portanto, variável e imprevisível. Isto é, ele pode melhorar, piorar ou remitir e não há como saber qual desses desfechos irá acontecer. Mas o fato é que, então, existe, sim, a possibilidade de os sintomas de TDAH melhorarem por completo com o tempo. Porém, uma proporção substancial de crianças com TDAH permanece relativamente prejudicada até a vida adulta. 

Geralmente, quando há remissão dos sintomas, ela ocorre entre as idades de 12 e 20 anos. Sessenta a 85% dos indivíduos diagnosticados quando crianças continuam a atender aos critérios para o transtorno na adolescência, e até 60% permanecem sintomáticos na vida adulta.

Em geral, à medida que se cresce, os sintomas de hiperatividade tendem a melhorar (apesar de poder permanecer uma inquietude) e os de desatenção a ficarem mais proeminentes, causando prejuízo social, pessoal, acadêmico e profissional. Na vida adulta, além da desatenção, a impulsividade também pode permanecer problemática.

Causas do TDAH

A etiologia do TDAH, assim como da maioria dos transtornos mentais, é multifatorial, ou seja, depende da interação de vários fatores diferentes. No entanto, há um fator predominante na origem desse transtorno, o fator genético, que é o principal responsável pelo seu desenvolvimento. 

Vamos falar um pouco sobre cada um dos fatores envolvidos.

Fatores Genéticos

O TDAH tem uma hereditariedade de cerca de 75%, o que significa que a maior parte do risco de se ter TDAH é devido à predisposição genética. 

Os parentes de primeiro grau de quem tem TDAH possuem 2 a 8 vezes mais chance de também terem esse diagnóstico, além de possuírem um risco mais elevado para outros transtornos psiquiátricos como Depressão e Ansiedade.

Lembre-se de que isso não significa que uma pessoa com TDAH passará necessariamente o transtorno para seus filhos, mas que existe uma probabilidade aumentada (cerca de 75%) de que seus descendentes também possam desenvolver o TDAH.

Fatores Ambientais

1. Exposição a substâncias tóxicas na gestação

  • Álcool e tabaco: mulheres que consomem álcool ou fumam durante a gravidez aumentam o risco de que seus filhos desenvolvam TDAH. Essas substâncias podem afetar o desenvolvimento do cérebro do feto.
  • Drogas: o uso de drogas ilícitas durante a gravidez também está associado a um aumento do risco de TDAH.
  • Exposição a poluentes: contato com substâncias tóxicas, como chumbo ou pesticidas, durante a gestação ou na primeira infância, pode afetar o desenvolvimento neurológico, aumentando o risco de TDAH.

2. Prematuridade e Baixo Peso ao Nascer

  • Bebês nascidos prematuramente ou com baixo peso têm um risco maior de desenvolver TDAH. Essas condições podem afetar o desenvolvimento cerebral, o que pode influenciar a regulação da atenção e do comportamento.

3. Complicações no parto

  • Complicações durante o parto, como falta de oxigênio (hipóxia) para o bebê, também estão associadas a um aumento do risco de TDAH. Essas complicações podem afetar o desenvolvimento das áreas do cérebro envolvidas na atenção e no controle de impulsos.

4. Exposição a ambientes estressantes

  • Crianças que crescem em ambientes altamente estressantes, como famílias desestruturadas, em meio à violência doméstica, negligência ou abuso, podem ter maior probabilidade de desenvolver problemas relacionados à atenção e ao comportamento, incluindo o TDAH.
  • Embora o estresse não seja uma causa direta, pode agravar os sintomas em crianças que já têm uma predisposição ao transtorno.

5. Dieta e deficiências nutricionais

  • Estudos sugerem que deficiências em certos nutrientes, como ácidos graxos ômega-3, ferro, zinco e magnésio, podem estar relacionadas ao agravamento dos sintomas de TDAH. Embora não sejam causas diretas, dietas inadequadas podem influenciar a gravidade dos sintomas em crianças com predisposição ao transtorno.
  • Há também investigações sobre o impacto de aditivos alimentares e corantes artificiais no comportamento de crianças com TDAH, embora as evidências sejam ainda inconclusivas.

6. Infecções e exposição a doenças na primeira infância

  • Infecções durante a gestação (como rubéola ou toxoplasmose) ou doenças graves na infância que afetam o sistema nervoso central (como encefalites e meningites) podem prejudicar o desenvolvimento cerebral e estar associadas a um maior risco de TDAH.

Tratamento do TDAH

O tratamento do TDAH envolve uma abordagem multidisciplinar, que busca controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Ele é ajustado de acordo com as necessidades de cada indivíduo, considerando a idade, a gravidade dos sintomas e o impacto do transtorno no dia a dia.

Portanto, nem todos os pacientes com TDAH devem ser tratados do mesmo modo. É necessária uma avaliação criteriosa na escolha do tratamento mais adequado para cada pessoa em particular.

Abaixo estão as principais opções de tratamento:

1. Terapia medicamentosa

O uso de medicamentos é uma das abordagens mais eficazes no tratamento do TDAH. Eles ajudam a regular os neurotransmissores, principalmente a dopamina e a noradrenalina, melhorando a capacidade de concentração e reduzindo a impulsividade e a hiperatividade. Existem dois principais tipos de medicamentos utilizados:

  • Psicoestimulantes: como metilfenidato e anfetaminas, são os medicamentos mais comuns para o TDAH. Eles aumentam a atividade de certas áreas do cérebro que controlam a atenção e o comportamento. Entre eles, existem aqueles de longa duração, que são usados uma única vez ao dia, e os de curta duração, que demandam a administração mais de uma vez ao dia. As formulações de longa ação costumam trazer menos efeitos euforizantes e são menos reforçadoras, sendo menos associadas a abuso que as de curta ação. Os efeitos colaterais mais comuns são diminuição do apetite, insônia, boca seca, dor de cabeça,  irritabilidade, ansiedade, tristeza, oscilação do humor, palpitação. 
  • Não-estimulantes: Quando os estimulantes não são adequados (por não terem sido tolerados ou por haver alguma contraindicação ao seu uso), podem ser prescritos outros tipos de medicamentos como atomoxetina, clonidina e bupropiona, que também ajudam a regular a atenção e o comportamento, porém com mecanismos diferentes.

Quando indicado, eu realizo a escolha do medicamento e da dose mais adequados após uma avaliação cuidadosa, levando em conta os efeitos colaterais, as metas do paciente e as respostas individuais ao tratamento. Dessa forma, eu me asseguro de fazer a melhor opção possível para se ter a máxima eficácia. 

Além disso, como a gravidade dos sintomas de TDAH pode variar ao longo dos anos, é essencial um acompanhamento regular para avaliar a adequação do tratamento a cada momento.

2. Psicoterapia

A terapia comportamental é uma parte importante do tratamento do TDAH. A psicoterapia pode ajudar o paciente a desenvolver estratégias para lidar com os desafios diários causados pelo transtorno. As abordagens mais comuns incluem:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais, além de ensinar técnicas de organização e resolução de problemas.
  • Treinamento de Habilidades Sociais: auxilia o paciente a desenvolver melhores habilidades de interação social, algo que pode ser prejudicado pelo TDAH.
  • Orientação Parental: Para crianças e adolescentes, a participação dos pais no tratamento é essencial. A orientação parental ensina métodos de lidar com o comportamento impulsivo e como criar uma rotina estruturada que favoreça o desenvolvimento da criança.

3. Intervenção psicopedagógica

Em crianças e adolescentes, o TDAH pode prejudicar o desempenho escolar. A intervenção psicopedagógica, realizada por psicólogos ou pedagogos especializados, auxilia no desenvolvimento de estratégias de estudo, concentração e organização, além de facilitar a comunicação entre os pais, professores e profissionais da saúde.

4. Mudanças no estilo de vida

Adotar hábitos saudáveis também pode contribuir para o controle dos sintomas do TDAH. Algumas medidas incluem:

  • Prática regular de exercícios físicos: atividades físicas ajudam a regular os neurotransmissores e a reduzir o estresse e a ansiedade.
  • Rotinas estruturadas: criar horários fixos para tarefas diárias, como estudo, trabalho e lazer, ajuda a melhorar o foco e a organização.
  • Modificações ambientais: adaptações no ambiente (escola, trabalho, casa) para minimizar distrações e promover a organização.
  • Reduzir o uso de telas: o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode dificultar a concentração, logo, reduzi-lo pode melhorá-la.
  • Alimentação equilibrada e sono adequado: Manter uma dieta saudável e garantir boas noites de sono também são fundamentais para o bem-estar mental.

5. Acompanhamento psiquiátrico contínuo

O TDAH é um transtorno crônico que pode apresentar variações ao longo da vida. Por isso, o acompanhamento contínuo com um psiquiatra é fundamental para ajustar o tratamento conforme necessário e garantir que o paciente esteja recebendo o suporte mais adequado para ele em cada momento.

Curiosidades

O TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino.

Atrasos leves no desenvolvimento linguístico, motor ou social não são específicos do TDAH, mas costumam ocorrer junto com ele. 

Características associadas ao TDAH podem incluir baixa tolerância à frustração, irritabilidade e labilidade do humor;

Em geral, crianças com TDAH agem de maneira impulsiva, são instáveis sob o ponto de vista emocional, são explosivas, não conseguem manter o foco e são irritáveis.

Alterações na atividade de alguns neurotransmissores, como dopamina e noradrenalina, são associadas ao TDAH.

Estudos de imagem cerebral indicam variações no tamanho e na atividade de regiões específicas no cérebro de quem tem TDAH.

Os pais de crianças com a doença apresentam uma grande incidência de transtornos por uso de substâncias.

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Referências

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. https://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf

Compêndio de Psiquiatria, Kaplan e Sadock, 11ª edição.

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